À medida que o mistério da fé se nos revela, a nossa vida ganha sentido e cresce em nós a certeza de estarmos a caminhar para a plenitude da alegria.
A mesma fé garante-nos que a marcha criadora da Universo foi iniciada pela força do amor. Ainda a terra não girava à volta do Sol. Ainda o Céu não era azul e o Deus amor já estava a dinamizar a marcha do Universo a partir de dentro.
Movido pela força do Amor, o Universo evoluiu no sentido da Vida Pessoal Espiritual. O crescimento da vida pessoal não se pesa ao quilo nem se avalia pelo volume.
Não se mede ao metro, nem se analisa pelo cálculo das superfícies. A única maneira de conhecermos a qualidade da vida pessoal de uma pessoa é observar o seu jeito de amar.
Por outras palavras, a identidade espiritual de uma pessoa é o seu jeito de amar.
Jesus dizia que a casa de Deus é uma comunhão amorosa. Também dizia que o Reino de Deus é a comunhão das núpcias do Filho de Deus.
Nesta festa todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que treinou na Terra.
Isto quer dizer que a nossa identidade espiritual permanece eternamente na comunhão da Família de Deus.
Pelo contrário, a nossa identidade física, isto é, o nosso ADN e as nossas impressões digitais acaba no cemitério.
Na Festa do Reino de Deus todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual dança com o jeito que treinou aqui na História.
Eis as palavras de Jesus sobre a nossa participação na Festa da plenitude da Família de Deus: “Exultai e alegrai-vos, pois grande será vossa recompensa no Céu” (Mt 5, 12).
Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).
Com estas palavras, São Paulo queria dizer que a morada de Deus não é uma questão de espaço físico.
Pelo contrário, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual começa esse campo espiritual contínuo de interacções amorosas que é o Reino de Deus.
Podemos dizer que não há lonjura entre nós e a Comunhão universal da Família de Deus. Deus vem sempre ao nosso encontro a partir de dentro e nós temos de entrar no nosso íntimo para nos encontrar com Deus.
Graças a esta presença permanente de Deus no nosso íntimo os cristãos podem saborear com alegria que Deus não é uma realidade distante e alheia a cada um de nós.
Ao revelar-nos o enxerto do divino no humano, o mistério da Encarnação é a expressão máxima de Deus e do seu Amor por nós, fazendo que o seu Filho se tornasse o primogénito de muitos irmãos, como diz São Paulo (Rm 8, 29).
Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “O amor de Deus manifestou-se no meio de nós, pois ele enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, a fim de que, por ele, tenhamos a Vida Eterna” (1 Jo 4, 9).
O evangelho de São João diz que a fidelidade de Jesus radica no facto de ele ter a plenitude do Espírito Santo e transmitir a Palavra de Deus com fidelidade:
“Aquele que vem do Alto está acima de todas as coisas e as suas palavras são de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34).
Noutra ocasião disse aos discípulos que veio comunicar-lhes a Palavra de Deus, a qual é uma fonte inesgotável de alegria:
“Revelei-vos estas coisas, a fim de que a minha alegria esteja em vós e, a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11).
Calmeiro Matias
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