Pai Santo,
Louvado sejas por Jesus Cristo e pela plenitude da vida que nos vem por ele. Ao ressuscitar, Jesus passou da face exterior da realidade para a sua face interior, isto é, para a dimensão na qual acontece a Comunhão Universal que é a vossa Família!
A vossa morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
Isto significa que tu, Pai Santo, tal como o teu Filho e o Espírito Santo, nunca vêm a nós a partir de fora.
Antes da criação do Universo, Só Vós existíeis, Trindade Santa. Vós sois um mistério de relações amorosas.
O Universo está em génese. Emerge como uma génese estrutural gigante exterior a Vós. A Vossa presença à marcha criadora do Universo acontece como força que possibilita a marcha criadora do Universo.
Vós possibilitais como força interior, mas sem jamais manipular o processo criador que acontece segundo uma sequência de causas e efeitos.
Isto é possível porque Vós, Deus Santo, imprimistes na singularidade inicial um feixe de possibilidades capazes de obter um sucesso.
Foi esta singularidade inicial que deu origem à explosão primordial, o big bang, o ponto e o instante a partir do qual começa a génese criadora do Universo.
É por esta razão que o Universo está marcado com o selo das relações e vós habitais nas coordenadas da interioridade máxima do Cosmos.
Podemos dizer com toda a verdade que Deus constitui a interioridade máxima do real. E nós, graças a Cristo ressuscitado, já fomos assumidos na vossa Família, passando a habitar as coordenadas da universalidade e da equidistância que constituem a dimensão infinita da vossa morada.
Pai Santo,
Com a sua ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte para si e para nós, pois ele faz um todo orgânico e dinâmico com todos nós.
Na véspera da sua passagem para a face interior da realidade, Jesus prometeu-nos que nós habitaríamos para sempre com ele na Festa do Vosso Reino.
Por outras palavras, como temos parte na ressurreição de Jesus, Jesus garantiu-nos que temos habitação garantida na Comunhão da Vossa Família.
Eis as palavras da promessa de Jesus, pouco antes de partir para o Pai:
"Não vos deixarei órfãos, pois eu voltarei a vós (...). Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós" (Jo 14, 18-20).
Com este modo de falar, Jesus queria dizer que também nós seremos assumidos com ele na plenitude da Família de Deus.
A promessa de Jesus também nos dá a certeza de que os nossos seres queridos que, pelo acontecimento da morte nasceram para a plenitude da Vida Eterna estão perto de nós.
Com efeito, nas coordenadas da universalidade e da equidistância, já não há lonjura, mas sim omnipresença e equidistância a tudo e a todos.
Obrigado, Deus Santo, pois não há distância entre nós e a Comunhão Universal do vosso Reino!
Com efeito, no ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada começa a interioridade espiritual ilimitada da Comunhão Universal do Reino de Deus.
O animador desta comunhão orgânica universal é o Espírito Santo. Eis a razão pela qual ele está sempre à porta do nosso coração.
Quando pela fé e pelo amor abrimos os nossos corações, o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar, introduz-nos na onda da Comunhão Universal do vosso Reino.
É esta a dinâmica da Nova Criação reconciliada com Deus em Cristo, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).
É este o mistério do Homem Novo que teve início com a Encarnação e atingiu a sua plenitude com a ressurreição de Cristo.
Por outras palavras, através da Encarnação o Divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado no momento da morte e ressurreição de Jesus Cristo, graças ao facto de formarmos com ele uma união orgânica, interactiva e dinâmica
Com Cristo somos, pois, assumidos como filhos na Família Divina como filhos em relação adeus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus.
O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus que nos introduz na comunhão da Santíssima Trindade.
Cada vez que os cristãos celebram a Eucaristia celebram este mistério, de modo particular no momento de comer e beber o pão e o vinho.
Nesse momento, os crentes exprimem a sua vontade de reforçar esta união orgânica e interactiva com Jesus Cristo, a fim de serem assumidos com ele na Festa do Reino de Deus.
São Paulo diz que quando comemos o pão e bebemos o vinho da Eucaristia estamos a robustecer a nossa união orgânica com Cristo: "Comemos do mesmo pão porque fazemos um só Corpo" (1 Cor 10, 17).
O evangelho de São João diz que o Espírito Santo é a Carne e o Sangue de Jesus ressuscitado, o qual faz de nós participantes da sua ressurreição:
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue viverá por mim" (Jo 6, 56-57).
Ao comerem o Pão e beberem o Vinho da Eucaristia, os cristãos estão a afirmar que é no interior da pessoa humana que acontece a união e a interacção que nos diviniza.
Obrigado, Trindade Santa, pelo mistério admirável da Encarnação e da Ressurreição de Cristo!
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