Falar do Espírito Santo é falar de uma pessoa divina que tem um jeito maternal de amar.
Por outras palavras, assim com Deus Pai tem um jeito paternal de amar, o ser e agir do Espírito Santo revelam-nos a o mistério da ternura maternal de Deus.
Por seu lado, o Filho Eterno de Deus ama com um jeito filial em relação a Deus e com um jeito fraternal em relação, pois ele é, como a Carta aos Romanos, o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
De tal modo o seu jeito fraternal de nos amar é fiel e verdadeiro que partilhou connosco a sua herança de Filho único:
“Ora se somos filhos de Deus somos também seus herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, o Filho de Deus” (Rm 8, 17).
Dizer que o Espírito Santo tem um jeito maternal de amar significa que ama com um matiz feminino.
São Paulo compreendeu muito bem este mistério quando disse que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
O evangelho de São João diz que a presença do Espírito Santo em nós é geradora de vida divina em nós. É por esta razão que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).
São Paulo quer dizer isto mesmo quando afirma que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus do Espírito Santo no nosso interior, o Espírito Santo (Rm 8, 14).
No nosso interior, o Espírito Santo uma nascente de amor e liberdade. Com efeito, o amor e a liberdade caminham sempre juntos: ser livre é ser capaz de viver relações de amor com os irmãos e de interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.
Animado com a força do Espírito Santo, Jesus iniciou a sua missão dizendo que tinha foi ungido com o Espírito Santo, a fim de enviar presos em liberdade e fazer bem a toda a gente:
“O Espírito Santo está sobre mim porque me ungiu. Consagrou-me para anunciar o Evangelho aos pobres, proclamar a libertação dos presos e mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).
Ninguém é capaz de se tornar livre sem tomar decisões e fazer escolhas na linha do amor.
Sempre que as nossas opções se orientam na linha do amor, estamos a responder ao amor com que fomos amados e aos apelos do Espírito Santo nos nossos corações.
Ser livre é também estar capacitado para interagir de modo criador com as coisas e os acontecimentos.
O amor é uma fonte permanente de novidade. Dá-nos horizontes novos para a vida e inspira-nos planos para melhorarmos o nosso mundo e a nossa História.
Quando os projectos humanos não se orientam na linha da justiça e da salvação da terra que Deus nos deu, temos de reconhecer que esses projectos não são obra do amor.
O pecado, isto é, as nossas resistências ao amor não fazem de nós pessoas livres. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Se permanecerdes na minha palavra sereis meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (…).
Quem comete o pecado é escravo (…). Mas se o Filho de Deus vos libertar, sereis realmente livres” (Jo 8, 31-36).
São Paulo está a ver as coisas nesta mesma linha quando afirma: “O Espírito Santo é o Espírito da Vida Nova em Cristo Jesus. É ele que nos liberta da lei do pecado e da morte” (Rm 8, 2).
Eis outra afirmação onde São Paulo proclama de modo muito bonito a acção libertadora do Espírito Santo no nosso coração:
“Cristo ressuscitado é um ser espiritual. Onde está o Espírito Santo, isto é, o Espírito do Senhor ressuscitado, aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).
No íntimo da comunhão trinitária, o Espírito Santo anima a comunhão que existe entre Deus Pai e seu Filho Eterno.
Quando entre os seres humanos acontece uma relação de fraternidade e comunhão, o Espírito Santo está sempre presente, optimizando essas relações de fraternidade.
Quando uma pessoa decide amar os irmãos facilitando a sua realização e felicidade, esta pessoa está a ser mediação do amor maternal do Espírito Santo.
Na verdade, os gestos do amor humano encontram no Espírito Santo a sua raiz mais profunda.
Sem a presença inspiradora do Espírito Santo no coração dos crentes, as Sagradas Escrituras não passariam de letra morta como diz São Paulo: “A letra mata, mas o Espírito Santo dá vida (2 Cor 3, 6).
É o Espírito Santo que vivifica as relações dos cristãos na comunidade, unindo-os de modo orgânico, a fim formarem o Corpo de Cristo (1 Cor 12, 13; 12, 27).
O Espírito que ressuscitou Jesus é o mesmo que nos ressuscita a nós, diz São Paulo:
“Se o Espírito que ressuscitou Jesus está em vós, então ele fará que vivais para sempre” (Rm 8, 11).
É o Espírito Santo quem dinamiza a interacção do divino com o humano no coração de Jesus Cristo.
Com seu jeito maternal de dar vida, o Espírito Santo está no centro do mistério da Encarnação. Na verdade, o Verbo encarnou pelo Espírito Santo (Jo 1, 14).
Foi a ternura maternal do Espírito Santo que optimizou o coração de Maria, a fim de ela amar o Filho de Deus com o jeito divino do Espírito Santo.
O sopro de Deus no barro primordial do qual saiu Adão não é mais que a acção maternal do Espírito Santo fazendo que o barro se torne barro com coração capaz de eleger os outros como alvo de amor (cf. Gn 2, 7).
Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai-nos recriando e configurando com Cristo ressuscitado, a fim de ele ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
O Livro do Génesis diz que, no princípio, a terra era uma massa informe, caótica, envolvida numa escuridão total.
Mas eis que Deus decide fazer da terra o berça da vida e a morada do Homem. Nesse momento inicial, diz a Bíblia, o Espírito Santo começa a pairar sobre as águas, a fim delas o berço fecundo da vida primordial (Gn 1, 1-2).
E foi assim que a fecundidade maternal do Espírito Santo iniciou a génese da Vida sobre a terra.
Falando da Vida espiritual humana, Jesus diz no evangelho de São João que as pessoas humanas têm de nascer de novo através do Espírito Santo, a fim de poderem entrar na Vida Eterna:
“Em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
Aquilo que nasce da carne é carne e aquilo que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6).
Nascer da água, no evangelho de são João, significa nascer do Espírito Santo, o qual é a Água Viva (Jo 4, 14).
São João diz que Cristo ressuscitado nos dá uma Água Viva que faz brotar em nós nascentes de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).
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