02 maio, 2010

O SOFRIMENTO HUMANO À LUZ DE CRISTO

Jesus declara aos mensageiros enviados por João Baptista que a vontade de Deus é a libertação total das pessoas:

“Os coxos andam, os cegos vêem, os leprosos são curados, os surdos ouvem e os mortos ressuscitam (Mt 11, 4-5).

Jesus veio inaugurar o Reino de Deus em cuja plenitude não terá lugar o sofrimento, a morte, a dor, a tristeza ou a solidão.

No Reino de Deus, o sofrimento e a morte serão totalmente banidos. (Apc, 3-4; Heb 2, 43, 3).

O Antigo Testamento via a questão do sofrimento segundo o esquema: pecado-castigo, justiça-felicidade.

Marcados por esta visão antiga, os discípulos perguntam a Jesus a propósito do cego de nascença:

“Quem pecou ele ou o pai dele?”. (Jo 9, 2). Nem ele nem o pai. As situações de sofrimento são um apelo de Deus a solidarizarmo-nos e comprometermo-nos com os que sofrem (Jo 9, 3-7).


Deus não é o autor do sofrimento. Existe um sofrimento que deriva do próprio facto de a pessoa humana estar em processo de realização.

Mas este sofrimento é tolerável e vantajoso. É o sofrimento dos partos mediante os quais nasce o Homem Novo.

Há também um sofrimento que resulta das limitações da natureza, a qual é frágil e inacabada.

Também este sofrimento é tolerável quando vivido numa dinâmica de solidariedade e partilha.

Mas existe um sofrimento que é intolerável e chocante para a razão humana: Pessoas oprimidas. Crianças maltratadas. Seres humanos a morrer de fome perante a indiferença de povos que vivem esbanjando.

Há tantas fronteiras criadas para impedir a circulação dos bens que esta Terra generosa e fecunda produz para todos.

Seres humanos que asfixiam de solidão. Pessoas idosas abandonadas e sós. Pobres explorados. Sistemas sociais alicerçados na injustiça, marginalizando pessoas.

Doenças provocadas pelo egoísmo humano que está a destruir a natureza. Guerras monstruosas que destroem pessoas e cidades, desencadeadas devido ao egoísmo de meia dúzia de indivíduos desumanos.

Seres humanos privados da sua dignidade e reduzidos a objectos de compra, venda ou meros objectos de prazer sexual.

Além destas, há muitas outras situações de sofrimento intolerável e revoltante. Este sofrimento é obra do egoísmo e das nossas recusas de amor.

Deus vai suscitando profetas que denunciam estas situações de sofrimento e convidam os homens a caminhar segundo o plano de Deus:

Os cristãos estão chamados a ser no mundo uma consciência teologal. A nossa vocação é ler os acontecimentos com os olhos da revelação de Deus, actuando de acordo com os critérios de Jesus.

Deus chama-nos a luta contra o sofrimento dos doentes, dos nus, dos presos, dos doentes e dos oprimidos.
Seremos julgados pelos nossos compromissos neste sentido, diz Jesus no texto do juízo final de São Mateus (Mt 25, 31-46).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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