23 maio, 2010

FOME DE SER QUE SÓ O AMOR PREENCHE

I - CHAMADOS A RENASCER

Nascemos inacabados. Eis a razão pela qual levamos connosco uma fome imensa de plenitude.

São João diz que o nosso ser interior, por ser espiritual, não nasce dos impulsos da carne, mas da ternura do Espírito Santo (Jo 3, 3-6).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Nascemos para entrar na dinâmica da humanização cuja lei é:

“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal da Família de Deus.

A emergência pessoal acontece como fortalecimento espiritual e capacidade de interacção amorosa.

O Homem surgiu na História como fruto de uma marcha evolutiva.

Utilizando a imagem bíblica do barro, diríamos que a evolução é o processo do barro a ser moldado, a fim de surgir Adão.

No interior deste barro emerge o interior espiritual da pessoa como o pintainho emerge dentro do ovo.

A plenitude da vida espiritual acontecerá no dia em que o ovo eclodir, a fim de o pintainho nascer para a Comunhão Universal.

Estamos a emergir, pois somos seres em construção.

À medida que emergimos, vamos convergindo para a Família de Deus.


II - NASCEMOS TALHADOS PARA DEUS

Deus é amor, diz a Bíblia (1 Jo 4, 7). Isto significa que fomos criados pelo amor e para o amor.

São João diz que as pessoas que não amam não conhecem a Deus, pois Deus é amor (Jo 4, 16).

O nosso ser espiritual cresce e robustece-se em relações de amor. Renascer significa emergir como vida pessoal livre, consciente, responsável e capaz de amar.

É a este nível que o Homem é realmente imagem de Deus. Na verdade, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Por outras palavras, apenas na reciprocidade amorosa a pessoa encontra a sua plena identidade.

Por outras palavras, fechada em si, a pessoa está em estado de malogro: não se encontra nem se possui plenamente.

Pelo facto de serem pessoas, os seres humanos são proporcionais a Deus. O divino pode interagir com o humano em comunhão humano-divina.

E foi por esta razão que Deus, comunhão familiar de três pessoas, decidiu incorporar-nos a própria Família Divina.

Isto quer dizer que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.

Graças a Jesus Cristo, já fazemos uma união orgânica com a comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Somos seres com identidade histórica. Só podemos acontecer como pessoas na medida em que renascemos. Os seres humanos são o resultado de uma realização histórica.

Por outras palavras, para se dizer, a pessoa tem de contar uma história, pois a sua identidade é histórica.

Na Festa do Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto esteve na História.

A nossa identidade física é constituída pelas nossas impressões digitais e pelo nosso ADN.

A nossa identidade espiritual, pelo contrário, é constituída pelo nosso jeito de amar e comungar pelos irmãos.

Por outras palavras, o nosso ser espiritual mede-se pela originalidade e densidade das nossas relações de amor.

Na verdade, que a pessoa humana não vale pelo que tem, mas sim pelo que é. À medida que se realiza, a pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.

É por esta razão que na comunhão universal do Reino de Deus, ninguém está a mais.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


Sem comentários: