13 maio, 2010

CHAMADOS A REINAR COM CRISTO

Na Carta aos Romanos, São Paulo anuncia de maneira firme que Jesus Cristo é o descendente prometido a David, o qual realizou o de modo fiel e perfeito o plano messiânica sonhado por Deus:

“Ele é filho de David segundo a carne (Rm 1, 3). Depois acrescenta: “Foi constituído Filho de Deus, isto é, rei glorioso, no momento da sua ressurreição de entre os mortos (Rm 1,4-5).

É um rei que não se impõe pela força e em cujo reino apenas existe um mandamento, como Jesus declara no evangelho de São João:

“Dou-vos um mandamento novo:”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Na verdade, o amor propõe-se, nunca se impõe. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

A Primeira Carta de São Pedro diz a realeza de Jesus assenta sobre um povo de reis.

Por outras palavras, Por ser a Cabeça da Nova Humanidade, Jesus partilhou a sua realeza connosco, fazendo de nós membros do seu Corpo:

Eis as palavras de São Paulo a este propósito: “Vós sois o Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe toca” (Rm 12, 27).

E a Primeira Carta de São Pedro acrescenta: “Vós, porém, sois um povo escolhido, sacerdócio santo, povo de reis, povo reunido e adquirido, a fim de proclamardes as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 ped 2, 9).

O Reino de Cristo, portanto, é um povo de reis. É por esta razão que, neste reino só existe um mandamento:

“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Quando a poder de um reino assenta no amor, todos reinam, pois o amor é comunhão e partilha.

Antes de morrer, Jesus dizia que o Reino de Deus estava no meio das pessoas (Lc 17, 21).
Na verdade, durante a vida do Jesus histórico, o reino de Deus isto é, a união orgânica do humano com o divino estava a acontecer apenas no interior de Jesus.

Como o reino estava a emergir no interior de Jesus e ele vivia no meio das pessoas, ele afirmava que o Reino estava no meio daaspessoas.

Mas no momento da sua morte e ressurreição, Jesus passou para as coordenadas da equidistância e da interioridade, ficando mais interior a nós que nós próprios.

Ao ressuscitar, Jesus ficou unido de modo orgânico a toda a Humanidade, assumindo-nos no mistério da Família Divina.

A partir deste momento o reino de Deus ficou a habitar no nosso íntimo, do mesmo modo que antes da morte de Jesus só habitava no seu interior.

Com a ressurreição de Jesus o reino de Deus passou para a face interior do Universo. Com efeito, após a sua ressurreição, Jesus vem sempre a nós a partir de dentro e o Espírito Santo optimiza a nossa comunhão com ele no nosso coração, capacitando-nos, deste modo, para reinarmos com ele.

A multidão dos seres humanos que precederam Jesus na História ressuscitaram com ele no momento da sua ressurreição, como diz o evangelho de São Mateus (Mt 27, 52-53).

Do mesmo modo, todos os que viveram antes de nós na História já participam de modo pleno na comunhão Universal do Reino de Deus.

E nós, graças ao facto de estarmos unidos de modo orgânico a Cristo, já estamos unidos a eles. É este o mistério da Comunhão Universal dos Santos.

Por outras palavras, nós e os nossos seres queridos que já participam de modo pleno na face interior da comunhão dos Santos, estão muito próximos de nós, pois já não existe qualquer lonjura a este nível.

Os que habitam de modo definitivo com Cristo a morada de Deus, portanto, habitam a interioridade máxima do Universo.

Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto quer dizer que podemos comungar com as pessoas divinas e as humanas que já habitam a plenitude do Reino de Deus.

É exactamente este o sentido profundo da afirmação de Jesus segundo a qual o Reino de Deus está no nosso íntimo:

“Interrogado pelos fariseus sobre o momento em que chegaria o reino de Deus, Jesus respondeu-lhes: “A vinda do Reino de Deus não é observável.

Não se poderá dizer: “Ei-lo aqui ou acolá”, pois o Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 20-21).

Após a ressurreição de Cristo, o reino de Deus torna-se interior a tudo e a todos. Eis as palavras de São Paulo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5). Isto quer dizer que o mistério do amor e da comunhão universal já estão no nosso íntimo.

A Carta aos Gálatas diz que, com Cristo, chegou a plenitude dos tempos. Os tempos anteriores a Cristo foram os tempos da gestação.
Com a Encarnação começou a dinâmica do parto, dando origem ao nascimento dos filhos de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher sujeita ao domínio da Lei de Moisés, a fim de resgatar da servidão da Lei e lhes a adopção de Filhos de Deus.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que, nos nossos corações clama: “Abba, papá querido”.

Deste modo já não és escravo, mas filho. E se és filho és também herdeiro pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

Segundo a Carta aos Romanos, nós somos incorporados na Família de Deus como filhos e herdeiros em relação a Deus Pai e como irmãos e co-herdeiros em relação ao Filho de Deus” (Rm 8, 14-17). É isto que nos capacita para reinarmos com Cristo.

Eis as palavras de São na Carta aos Romanos: “De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus.

Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo. Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção que faz de todos nós filhos de Deus e nos faz clamar “Abba”, isto é, Pai Querido!”

É o próprio Espírito Santo que, no nosso íntimo, dá testemunho de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus” (Rm 8, 14-17).

Os evangelhos gostam de apresentar o Reino de Deus em forma do grande banquete da Família de Deus.

Isto que dizer que o Reino de Deus é a festa universal do Amor. Nesta festa, todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto viveu na terra.

É magnífico saber que estamos a edificar na História a nossa identidade espiritual e o nosso jeito de participar para sempre na festa do Reino de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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