Podemos dizer que a plenitude do humano é o divino. Estamos habitados por uma fome imensa de plenitude.
Pouco a pouco vamos compreendendo que esta fome só pode ser saciada através do amor:
Precisamos do amor dos outros para sermos capazes de amar.
Depois precisamos de amar para crescermos em maturidade pessoal e espiritual. Somos seres talhados para o dom. Os seres humanos são imagens, das três pessoas divinas em comunhão amorosa.
O amor dos outros dá-nos segurança e o nosso amor aos demais dilata o nosso coração conduzindo-nos à plenitude da comunhão.
Na verdade, a pessoa que se dá não se perde. Pelo contrário, encontra-se e possui-se. Isto quer dizer que somos seres talhados para o dom e a comunhão.
Com efeito, a pessoa é um mistério, isto é, uma realidade que não é evidente mas que se revela gradualmente.
A fome de felicidade que levamos connosco tem uma direcção e uma densidade espiritual.
Estamos talhados para o encontro e a comunhão com as pessoas humanas e as divinas.
A pessoa, seja qual for a sua natureza, é um ser que se constitui como interioridade livre, consciente, responsável, única, original, irrepetível e capaz de comunhão amorosa.
Para oferecer resposta à fome de plenitude que nos invade, Deus sonhou e planeou o mistério da Encarnação do seu Filho.
Pela Encarnação, a Divindade enxerta-se na Humanidade, a fim de esta ser assumida e incorporada na Família Divina, onde cada pessoa encontra a sua plenitude.
O grau de plenitude que a pessoa encontra na comunhão amorosa da Família de Deus é proporcional à sua capacidade de amar e comungar.
Na sua identidade espiritual, a pessoa situa-se ao nível do ser, não do ter. É por esta razão que a pessoa, quando se dá, não se perde.
Isto faz-nos compreender como a pessoa não vale pelo tem, mas pelo que é.
O cristão sabe que o pão para matar a fome espiritual e a água para matar a sede de vida plena são-nos dados por Cristo Ressuscitado.
Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos abraça como irmãos.
É ele, também que alimenta a fraternidade humana universal. O Espírito Santo é o pão que Cristo nos dá e gera em nós a vida eterna:
“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também quem me come, viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu” (Jo 6, 57-58).
O Espírito Santo é também a Água viva que faz emergir uma fonte da qual brota a vida eterna (Jo 7, 37-39).
Calmeiro Matias
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