13 julho, 2009

AO ENCONTRO DE DEUS NOSSA META-II


II-COLABORANDO COM O ESPÍRITO QUE NOS HABITA

São Paulo diz que fomos baptizados num mesmo Espírito, a fim de fazermos um só corpo (1 Cor 12, 13).

Isto significa que participamos do mesmo Espírito de Cristo ressuscitado a quem estamos unidos de modo orgânico.

O Espírito Santo é o pão espiritual que comemos e faz de nós corpo de Cristo (1 Cor 10, 17).
A fome de felicidade e plenitude que se faz sentir no mais íntimo do nosso ser é um apelo a aminhar na linha da fraternidade e da comunhão.

Não fomos feitos para estar sós. A morte espiritual é igual a solidão radical. É isto o que, em linguagem cristã, se chama o estado de inferno.

Cristo Ressuscitado comunica-nos o Espírito Santo, não como algo que lhe é exterior, mas como uma realidade intrínseca ao seu ser humano-divino.

Por outras palavras, é o Espírito Santo que alimenta e robustece a interacção que acontece entre a interioridade de Jesus Nazaré com a interioridade da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Com efeito, Cristo é apenas um, apesar de humano-divino. Ele é homem connosco e Deus com o Pai e o Espírito Santo.

O Espírito Santo, com o seu jeito maternal de amar, introduz-nos na família divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho (Rm 8, 14-16).

Com Jesus Cristo a história humana deu um salto de qualidade. A Humanidade passou do estado de não divina, para a condição de divina e incorporada na Família de Deus.

O mistério da Encarnação significa a plenitude dos tempos. Durante cerca de trinta anos só um homem, Jesus de Nazaré, foi divino, pois estava incorporado de modo orgânico na comunhão da Santíssima Trindade.

Com Jesus Cristo, a Humanidade entrou na fase dos acabamentos. Antes de Cristo, o Homem estava apenas em processo de humanização.

Como a morte e ressurreição de Cristo, a Humanidade entra na dinâmica da divinização, mediante a sua incorporação na comunhão orgânica da Santíssima Trindade.

Esta incorporação acontece pela acção do Espírito Santo que nos é comunicada de modo orgânico por Cristo ressuscitado.

O ser humano é capaz de comungar com Deus e os irmãos na medida em que se tenha humanizado. una medida em
que está humanizado. Isto quer dizer que será eternamente mais divino quem mais se tiver humanizado na história. É

Utilizando uma imagem de que gosto muito, diria que, no Reino de Deus, dançaremos eternamente o ritmo do amor e da comunhão com o jeito que tivermos treinado na história.

A festa do Reino de Deus é a superação total da solidão e a conquista definitiva da felicidade que só pode acontecer na comunhão.

Somos nós que construímos aquilo que será plenificado por Deus. Podemos dizer que o futuro histórico de cada pessoa é o leque de possíveis de humanização que ainda temos para realizar.

Este futuro pode acontecer ou não, depende de nós. Demos um exemplo: O ovo da galinha fecundado está cheio de possíveis capazes de dar um pintainho.

Mas estes possíveis podem realizar-se ou não. Se estrelarmos este ovo não teremos pintainho.
Isto quer dizer que a humanização do ser humano não é uma fatalidade.

Depende de nós. Só acontece através de um encadeamento de opções, decisões, escolhas e realizações na linha do amor.

Somos o resultado personalizado da história que construímos com os talentos que recebemos dos outros. É este o mistério do Homem em construção.

De facto, fazemo-nos, fazendo história. Por outro lado, a história que construímos estruturou o nosso ser pessoal-espiritual, o qual é eterno.

Ninguém pode ser substituído nesta tarefa, mas também ninguém se pode humanizar sem os outros.

O mesmo se passa em relação à presença do Espírito Santo em nós: Com seu jeito maternal de amar, ele gera vida espiritual em nós, faz-nos nascer de novo, como diz o evangelho de São João (Jo 3, 3-6).

A maneira correcta de reconhecer e aceitar a presença dinâmica e fecunda do Espírito Santo em nós implica a seguinte atitude:

“Contar com Deus, sempre. Tentar a Deus, nunca”. Tentar a Deus significa não fazer o que depende de nós, pretendendo que Deus o faça em nosso lugar.

A maneira fiel de colaborar com Deus é esta: “agir como se tudo dependesse de nós, sabendo que o essencial é obra de Deus”.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias






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