Referindo-se a Jesus Cristo, o evangelho de São João diz que o Filho vive desde toda a eternidade e faz um com o Pai (Jo 10, 30).
Isto quer que o Filho de Deus vive em permanente união orgânica com o Pai. Além disso, declara que pelo mistério da Encarnação os seres humanos também já estão unidos de modo orgânico com o Filho de Deus e, por ele, à Santíssima Trindade.
Na verdade diz o evangelho de São João, foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 14).
No mesmo evangelho de São João, Jesus declara que Deus Pai é seu Pai e seu Deus e também nosso Pai e nosso Deus:
“Subo para junto de Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17). Na sua oração Jesus falava sempre com Deus Pai, tratando-o por “Abba”, isto é, papá.
A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo nos convida a chamar Deus Pai por “Abba”, isto é, Papá Querido (Rm 8, 15).
Jesus declarou que vive em permanente união com o seu Pai e nós vivemos unas união orgânica permanente com ele:
“Como o Pai que vive me enviou e eu vivo pelo Pai, assim acontecerá também com os que comem a minha carne e bebem o meu sangue” (Jo 6, 57). E depois acrescenta: “Eu digo apenas o que ouvi de meu Pai” (Jo 8, 38).
Certo dia, diz São Lucas, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e iniciou um diálogo muito especial com o Pai:
“Nesse instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e dizendo: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, foi este o teu agrado.
Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Lc 10, 21-22).
O evangelho de São João diz que o Pai só quer adoradores que o adorem no Espírito e na Verdade (Jo 4, 23).
Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus quis ensinar-lhes que a sua oração deve ser um diálogo familiar com Deus (Mt 6, 9).
Procurando aumentar a confiança dos discípulos no Pai do Céu, Jesus disse o seguinte:
“Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai Céu dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13).
Na verdade, diz São Lucas, é amando os outros como irmãos que nos tornamos filhos do Altíssimo (Lc 6, 35).
Antes de revelar o rosto e o amor de Deus Pai aos homens, Jesus comunicou face a face com ele. Eis as palavras de São Lucas:
“Após ter sido baptizado, Jesus entrou em oração. Nesse momento, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre com a forma corporal de uma pomba.
Nesse momento, ouviu-se uma voz vinda do Céu que dizia: “Tu és o meu filho bem-amado. Hoje mesmo te gerei” (Lc 3, 21-22).
Antes de iniciar a sua missão, Jesus foi consagrado pelo Espírito santo e o Pai declara-o como Messias, o filho de Deus.
Tal como aconteceu com Moisés, Jesus procurava as montanhas, as colinas e os lugares silenciosos para entrar em intimidade com Deus Pai.
Com este modo de proceder, Jesus ensinou aos discípulos que o ruído e a dispersão não são boas mediações para nos encontrarmos face a face com Deus.
Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Tomando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu à montanha para orar.
Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se e as suas vestes tornam-se brilhantes” (Lc 9, 28-29).
Não é difícil descobrir a relação desta e outras passagens com os relatos que falam dos encontros de Moisés com Deus:
“Tendo despedido as multidões, Jesus subiu ao monte para orar a sós” (Mt 14, 23). Olhando para os ensinamentos de Jesus, vemos como Moisés e os profetas ficaram muito aquém de Jesus no que se refere à profundidade do conhecimento e da interacção amorosa Deus Pai.
Podemos afirmar com toda a segurança que antes de Jesus, ninguém chegou tão longe na compreensão e revelação do mistério de Deus Pai.
O seguinte texto do evangelho de São João é uma expressão da profundidade da relação de Jesus Cristo com o seu Pai do Céu:
“Jesus disse a Filipe: “Há tanto tempo que estou convosco e não ficaste a conhecer-me, Filipe?
Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me pedes para te mostrar o Pai?
Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 9-10). Jesus exprimiu a profundidade desta união com o Pai dizendo: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).
Segundo o modo de entender de Jesus Pai vem a nós sempre a partir de dentro. De facto, Deus é a interioridade máxima do Universo.
A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
Deus revela-se ao Homem a partir de dentro, por isso Jesus se retirava para o silêncio, a fim de poder entrar na sua interioridade, a fim de se encontrar com o Pai:
“De madrugada, estando ainda escuro, Jesus levantou-se e retirou-se para um lugar deserto, a fim de orar (Mc 1, 35).
Portanto, quando Deus vem ao encontro do Homem não vem a partir de fora.A Primeira Carta aos Coríntios diz que o nosso coração é um templo onde o Espírito de Deus habita (1 Cor 3, 16).
Jesus sentia-se unido de modo permanente ao Pai. Depois acrescenta que também nós fazemos parte dessa união orgânica que forma o campo espiritual contínuo de interacções amorosas:
“Nesse dia, disse Jesus, compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).
Em Comunhão Convsco
Calmeiro Matias
Calmeiro Matias
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