04 fevereiro, 2008

O Mistério da Vida Nova


Deus Santo, Vós sois o Senhor da Vida.
Vós não nos criastes para a morte.
Morrer é, na realidade, a derradeira possibilidade de renascer.
Apenas os seres humanos sabem que vão morrer.

Deus Santo,
Obrigado por termos consciência de que um dia havemos de morrer.
Na verdade, a consciência da nossa morte é um dom,
pois ilumina o sentido fundamental da vida.
Os animais não sabem que um dia morrerão, por isso não têm sentidos para viver.
O sentido da vida e o sentido da morte caminham a passo igual.

Obrigado, Deus Santo, porque o sentido da vida e da morte
é mais amplo e profundo na fase final da nossa vida.
Nessa altura descobrimos que o amor é a grande razão que vale,
tanto para viver como para morrer.

Eis a razão pela qual Jesus só nos deixou o mandamento do amor.
Ele próprio nos disse que a densidade máxima do amor se atinge
quando alguém dá a vida pelos que ama.
Eis as suas palavras:
“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).
Quem amou até à morte nasceu para a plenitude da vida.
Por outras palavras, felizes dos que gastaram a vida pelas causas do amor!
Para estas pessoas, a morte final não tem o sentido de uma tragédia sem saída,
pois os que passaram a vida a amar souberam ir morrendo em cada dia
ao egoísmo que tenta impedir o nascimento do Homem Novo.

O homem egoísta é o homem velho nascido de Adão,
o qual torna a morte uma tragédia.
Morrer para dar vida é a maneira mais perfeita de rebentar os muros da própria finitude.
Com efeito, o Homem Novo não pode nascer sem que o Velho vá morrendo.
Realmente não podemos nascer para a Vida Nova
chamada à plenitude da Comunhão Universal sem morrermos à vida velha.

Na verdade, a morte não atinge o homem interior, pessoal e espiritual,
pois este é proporcional a Deus, Família eterna de três pessoas.
Por outras palavras, temos de morrer gradual e progressivamente ao egoísmo,
isto é, à vida velha, cuja dinâmica é a lei da selva.
A meta da vida velha é o fracasso da morte.
A maneira concreta de morrer à vida velha é gastá-la pelas causas do amor.
Sábias são as pessoas que sabem ir morrendo,
a fim de dar vida aos outros e edificarem a sua vida eterna.

A nossa vocação fundamental sobre a terra
não é apenas manter o mais possível a vida mortal, mas edificar a vida eterna.

Deus Santo,
Vós nos chamastes a construir a Vida Nova, aquela que não morre.
Nós vos louvamos pelo chamamento que nos fazeis
no sentido de construirmos a vida eterna mediante a dinâmica do amor.

Glória a ti, Jesus Cristo, que venceste a morte no próprio acto de morrer!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



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