28 fevereiro, 2010

A PERFEIÇÃO HUMANA DE JESUS CRISTO

Por tomar Deus e o Homem a sério, Jesus Cristo não separava o amor de Deus do amor ao Homem.
Denunciava com coragem tudo o que machuca ou oprime as pessoas.

Tinha plena consciência de que o Homem é a única imagem que Deus fez de si, e que nós devemos venerar como imagem Viva de Deus.

No entender de Jesus, venerar o Homem como imagem de Deus, é uma forma de amar o mesmo Deus.

É por esta razão que a Primeira Carta de São João faz a seguinte afirmação que nós devemos tomar muito a sério:

“Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas odiar o seu irmão, esse é um mentiroso, pois aquele que não ama o seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.

Nós recebemos de Cristo este mandamento: “Quem ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 20-21).

À medida que vamos crescendo no conhecimento de Deus, melhor conhecemos o Homem e o seu lugar no plano salvador de Deus.

Por outras palavras, quanto melhor conhecermos o mistério de Deus melhor preparados estamos para conhecer a dignidade humana.

Se o Homem é a única imagem que o próprio Deus criou de si, então o amor aos irmãos é o único caminho seguro para chegarmos ao conhecimento de Deus.

Eis outra passagem importante da Primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

Aquele que não ama não chega a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).
Como homem perfeito, Jesus levou o amor muito a sério, tanto na sua vertente de amor a Deus como na vertente de amor aos irmãos.

É por esta razão que ele fazia sempre frente às pessoas que machucavam os irmãos e ferem a sua dignidade.

A nossa fé afirma que Jesus é um homem em tudo igual a nós excepto no pecado. Isto quer dizer que ele, quando defendia a dignidade humana, estava a defender também a sua própria dignidade.

Graças ao mistério da Encarnação, o homem Jesus vivia uma condição totalmente original:
Como ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem, a sua interioridade humana interagia de modo directo com a interioridade do Filho Eterno de Deus, embora sem se fundirem nem confundirem.

Por outras palavras, o humano e o divino, em Cristo, formam uma união orgânica e dinâmica animada pelo Espírito Santo.

Como homem igual a nós, Jesus viveu e experimentou plenamente a condição de homem.
Graças à interacção humano-divina que acontecia nele de modo permanente nós ficamos a compreender que o divino, ao tocar o humano, não o anula.

Pelo contrário, ao ser tocado pelo divino, o humano de Jesus é optimizado e fá-lo ser mais plenamente humano.

A Carta aos Hebreus diz que a Humanidade tem um excelente Sumo-sacerdote junto de Deus, pois Jesus Cristo é um homem que, tal como nós, experimentou plenamente a condição humana. Eis as suas palavras:

“De facto, não temos um sacerdote que não possa compadecer-se de nós, pois ele foi provado e experimentado em tudo, excepto no pecado” (Heb 4, 15).

Gostava de citar aqui um texto alegórico que escrevi sobre a acção profética de Jesus e a sua bondade de coração:
Como estava cheio do Espírito Santo passou a vida a fazer bem a toda a gente e a proporcionar a felicidade às pessoas.

Nasceu na Palestina e a sua paixão era fazer a vontade de Deus. Amava a simplicidade das crianças e defendia corajosamente os que não eram capazes de se defender.

Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de o encontrar. Partilhava com os outros a sua vida e os bens, amando a todos, mas mostrando uma preferência especial pelos mais pobres.

Como estava cheio da força do Espírito Santo nunca foi vencido pela cobardia ou o medo. Eis a razão pela qual Deus lhe confiou a missão de inaugurar a vida nova do baptismo no Espírito.

Foi incondicionalmente fiel à vontade de Deus. E como nós fazemos uma união orgânica com ele, passámos a ser membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).

Unindo-nos a sim tornou-se a cabeça de uma Nova Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Deu-se a nós de modo total. É por esta razão que a sua vida já não é apenas sua. Na verdade, Deus confiou-lhe uma missão em favor de toda a Humanidade.

Como era generoso, levou o amor até à sua densidade máxima: dar a vida por aqueles a quem se ama (Jo 15, 12-13).

Era um homem puro, isto é, transparente de coração. Jamais gostou de nadar em águas turvas.
Tornou-se a cepa da videira cujos ramos somos todos nós.
O Espírito Santo é a seiva que dele, a cepa da videira, para nós que somos os ramos. Como ele mesmo disse, o Espírito Santo é a Água Viva que ele nos dá, a qual faz emergir no nosso coração um manancial de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

No momento da sua morte, quando o soldado perfurou o seu peito, do seu coração saiu sangue e Água, diz o evangelho de São João (Jo 19, 34).

A Água é a Água Viva que Jesus prometeu à Samaritana, garantindo-lhe que, graças a essa Água, ela ficaria saciada para sempre (Jo 4, 14).

O Sangue que saiu juntamente com a Água é o Espírito Santo, isto é, é o Sangue da Nova Aliança que inicia em nós a dinâmica da ressurreição com Cristo.

Os que o mataram destruíram a sua tenda, pensando acabar com a força restauradora do Homem Novo que vai pondo fim às forças do homem velho que gera morte.

A maldade humana matou-o, mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce de uma Nova Humanidade.
Ao ressuscitar, Jesus deu-nos a prova de que a vida divina, ao tocar o coração humano, não anula o Homem, mas leva-o à perfeição máxima.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


23 fevereiro, 2010

CAMINHAR COM DEUS E EM DEUS

No momento de morrer e ressuscitar, Jesus passou da face exterior da realidade, isto é, do espaço e do tempo, para a sua face interior, passando a relacionar-se connosco a partir de dentro.
Por outras palavras, no momento de ressuscitar, Jesus entra na morada do Pai e fica presente a nós a partir de dentro:
“Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Isto quer dizer que ao deixar as coordenadas do espaço e do tempo, Jesus entrou nas coordenadas da universalidade e da equidistância, tornando-se presente a tudo e a todos.

Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

A face interior da realidade é o ponto de encontro e comunhão das pessoas humanas que já partiram com as que estão ainda na marcha histórica da construção humana.

Na linguagem da fé, este face a face universal chama-se a Comunhão Universal dos Santos. Isto quer dizer que os nossos seres queridos que já partiram fazem parte do Comunhão dos Santos e habitam as coordenadas da equidistância e da omnipresença.

Estão próximos de tudo e de todos, pois para eles já não há distância nem lonjura. Quando dizemos que, pela Encarnação, o Filho de Deus veio até nós, não estamos a afirmar que se deslocou de um sítio para outro.

Na realidade tudo se passa entre a interioridade espiritual humana de Jesus e a interioridade divina do Filho de Deus.

Pelo mistério da Encarnação a interioridade humana de Jesus de Nazaré e a interioridade divina do Filho Eterno de Deus ficaram a interagir de modo directo, formando uma união orgânica animada pelo Espírito Santo. O divino enxertou-se no humano, a fim de nós sermos divinizados.
No momento da ressurreição de Jesus, união humano-divina que existia no coração de Jesus, atingiu as coordenadas da universalidade e difundiu-se para todos nós (Jo 7, 37-39).

E foi assim que o Reino de Deus passou para o nosso interior e nós fomos divinizados, pois o sangue de Jesus ressuscitado, isto é, o Espírito Santo, passou a circular nas “veias” da nossa interioridade.

Para exprimir esta realidade, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Esta dinâmica interior do Reino de Deus é proclamada de modo sacramental pelo Eucaristia. Segundo o evangelho de São João Jesus ressuscitado é o alimento que vitaliza e robustece a nossa vida divina:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a viva eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).

Viver o mistério do Reino de Deus como realidade interior é sentir-se a caminhar com Deus e em Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

17 fevereiro, 2010

A FORÇA PROFÉTICA DE JESUS DE NAZARÉ

O Espírito Santo modelou o coração de Jesus com o mesmo jeito com que modelou o coração dos profetas.

Com efeito, a sua grande paixão era fazer a vontade de Deus, libertando as pessoas da opressão do sofrimento e do pecado.

Eis algumas das suas afirmações importantes sobre a sua fidelidade à vontade do Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Na oração do Pai-Nosso, disse aos discípulos para pedirem a Deus que a sua vontade se realize de modo perfeito na Terra, tal como se realiza no Céu” (Mt 6, 10).

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo habitava em Jesus com a plenitude dos seus dons:

“Aquele que Deus enviou transmite a Palavra de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34).

Se Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo, então a sua mensagem atingiu o cume da profecia.
Por outras palavras, Jesus Cristo, o profeta de Nazaré, anunciou o plano salvador de Deus com uma profundidade à qual não chegaram os demais profetas.

As pessoas que o ouviam reconheciam que Jesus anunciava a Palavra e denunciava o que se opunha ao plano de Deus com uma autoridade que nenhum outro profeta demonstrava.

Tomou sempre a defesa dos que não eram capazes de se defender. As pessoas que tinham a sorte de o encontrar ficavam sempre mais livres e felizes.

Anunciava a fraternidade e a partilha como caminho para vencer a miséria e a fome. Se tiverem a coragem de partilhar, dizia ele, os bens da terra chegarão para todos e ainda vai sobrar.

Amava sem fingimento, pois era manso e humilde de coração. Preferia conviver e acompanhar com os pobres e os simples.

Como tinha a plenitude do Espírito, nunca foi cobarde, e levou a sua missão até ao fim, apesar de se aperceber do perigo em que estava a incorrer.

Jamais defendeu a morte dos pecadores, apesar de sonhar com a destruição do pecado, essa dinâmica negativa que impede a humanização das pessoas.

Foi esta a razão pela qual inaugurou o baptismo no Espírito, pois ele sabia que só o Espírito Santo é capaz de renovar o coração das pessoas.

Costumava dizer que os seres humanos têm de nascer de novo pelo Espírito Santo, a fim de atingirem a densidade da vida nova (Jo 3,6).

Denunciava os que oprimiam em nome da política, do dinheiro ou da religião. Passou a vida a fazer o bem. Eis a razão pela qual nunca deixou ninguém mais pobre ou com falta de sentidos para viver.

Nunca deixou ninguém mais pobre ou com falta de sentidos para viver. A sua mensagem e as atitudes que tomava punham em causa as forças opressoras que dominavam a sociedade do seu tempo.

A força libertadora do Espírito que o habitava transformava as estruturas opressoras e resistia aos poderosos que exploravam as pessoas.

Foi por esta razão que os ricos e os poderosos começaram a planear a sua morte. De facto, apesar de passar a vida a fazer bem a toda a gente, tinha muitos inimigos que desejavam a sua morte.

Os que o odiavam mataram-no, pensando que, deste modo, faziam calar de uma vez por todas a sua voz profética.

Apesar de se aperceber disto, Jesus não desistiu da sua missão, pois vivia e agia com a garra dos profetas que se opõem às forças que desumanizam.

No íntimo do seu coração, o Espírito Santo dizia-lhe que Deus toma partido pelos que gastam a vida pelas causas do amor.
Como tinha a certeza de que Deus é fiel, Jesus agia confiante, pois tinha a certeza de que a sua vida seria restaurada e a sua acção seria eficaz.

Ele tinha a certeza de que Deus não o deixaria ficar no vazio da morte, apesar das intenções assassinas dos seus inimigos.

Jesus tinha plena consciência de que Deus lhe confiou uma missão em favor de todos os homens. A sua confiança em Deus foi confirmada.

Por isso, ao ressuscitar, a sua vida passou a ser uma vida partilhada e difundida pelo coração de todas as pessoas.

O Espírito Santo que o habitava em plenitude tornou-se o Sangue da Nova Aliança a circular nas veias do Nosso coração, comunicando-nos a vida divina (Rm 8, 14-17).

Levou o amor até à concretização máxima, isto é, dar a vida por aqueles a quem se ama, como ele mesmo ensinou (Jo 15, 13.

Por isso se tornou a cepa da videira cujos ramos somos todos nós. Agora, a seiva desta Videira, isto é, o Espírito Santo, circulada cepa da videira para os ramos tornando fecunda a nossa vida.

Os que acolhem a sua Palavra começam a entrar na Comunhão Universal da Família de Deus.
Os que o odiavam destruíram a sua tenda, deixando-a vazia.

Mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce da Nova Humanidade. Como pão que se reparte para alimentar os outros, partilhou os bens, a vida e a Palavra de Deus.

Só atacava o que os que impediam as pessoas de se realizarem e serem felizes. Nunca confundia o pecado com o pecador.
Tudo fazia para destruir o pecado, mas ao pecador gastou o melhor das suas forças para o libertar das feridas do pecado.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


12 fevereiro, 2010

A FÉ MODELA O SER E O AGIR DOS CRENTES

I-A FÉ CRISTÃ COMO EXPERIÊNCIA

A fé é a capacidade espiritual de acolher uma verdade que nos é comunicada, apesar de não ser evidente nem se poder comprovar.

A fé cristã molda no crente um modo de ser e agir que resultam do encontro com o Cristo ressuscitado no nosso íntimo.

Este encontro acontece no nosso íntimo pela acção maternal do Espírito Santo que anima uma interacção espiritual entre nós e Jesus ressuscitado.

São Paulo diz que ninguém é capaz de reconhecer o Senhor ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo:

“Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e por isso já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

A nossa fé confere-nos horizontes mentais amplos e profundos para olharmos as coisas com os critérios de Deus.

Ao mesmo tempo capacita-nos para agirmos com a segurança própria de quem sabe que Deus está consigo e para si.

Para terem uma fé cristã adulta, os crentes precisam de cultivar o conhecimento dos conteúdos da sua fé.

Uma coisa é esforçar-se por ser uma boa pessoa boa, outra coisa é esforçar-se por possuir uma fé cristã adulta.

No entanto, a nossa fé não se esgota no conhecimento dos seus conteúdos doutrinais. Um crente que tome Deus e os conteúdos da Fé a sério procura exercitar e experimentar a verdade dessa mesma fé.

Se a doutrina da fé é verdadeira, então tem de ser eficaz no concreto da vida, isto é, tem de dar frutos de veracidade.

Por outras palavras, os cristãos que tomam Deus e a fé a sério decidem correr riscos e apostar.
É este o conselho que nos dá a Carta aos Efésios quando afirma:

“Não andeis como os gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento obscurecido, alienados da vida de Deus devido à ignorância e dureza de coração” (Ef.4,18).

II-A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ

A veracidade da fé experimenta-se através da interacção entre o cristão e Deus. Esta interacção é dinamizada e fortalecida pela acção do Espírito Santo.

O nosso coração, isto é, a nossa interioridade espiritual pessoal, é um manancial de energias que configuram a nossa identidade pessoal.

Isto quer dizer que o nosso coração é o ponto de encontro entre nós e Deus. É aí que a acção do Espírito Santo exerce uma acção libertadora.

É deste núcleo profundamente dinâmico que emerge a força do milagre através da força dinamizadora da fé. Jesus dizia que não há milagre sem fé.

O culto que liberta não é feito de ritos vazios sem valor, mas acontece como interacção com o Espírito Santo, fonte da Verdade:

“Deus é Espírito e os que o adoram devem adorá-lo em Espírito e Verdade” (Jo 4, 24). A nossa fé garante-nos que Deus é a origem e o coração das forças espirituais do Universo.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Se pelos ensinamentos da fé acreditamos que Deus está em nós e por nós, então vamos agir em conformidade com estas verdades. É isto o exercício da fé!

Deus é amor omnipotente. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Se Deus está em mim, então o amor omnipotente está em mim. Se o dinamismo espiritual que criou o Universo está ao nosso alcance, então o melhor está ao nosso alcance.

São Paulo estava convencido desta verdade quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Se nos prepararmos para acolher o melhor, então o melhor está ao nosso alcance. Esta certeza é legítima para os crentes que edificam sobre a rocha firme da fé amadurecida.

A fé é um alicerce excelente para acontecer interacção entre a pessoa humana e Deus. A fé não só nos confere estes horizontes como também robustece as nossas forças interiores, capacitando-nos para realizarmos maravilhas, como Jesus afirma no evangelho de São Marcos:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para o que acredita” (Mc 9, 23).
Por outras palavras, a fé converte-nos em crentes, optimizando as nossas capacidades e realizações.

Jesus dá-nos a garantia do sucesso pleno dos que acreditam e tomam Deus a sério:
“Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt 17, 21).

Segundo os ensinamentos de Jesus, a fé capacita-nos para tudo podermos em Deus: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt 9, 29).
III- DA DOUTRINA DA FÉ AO COMPROMISSO DA FÉ

Podemos ter a certeza de que muita gente é derrotada pela vida, não por falta de habilidade ou competência, mas por falta de confiança, entusiasmo e fé.

A fé dinamiza e optimiza o núcleo mais nobre das nossas forças espirituais, isto é, o nosso coração.

Quando realizamos o exercício de Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre a vontade de Deus, o que é um Deus bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 2).

Se nos deixarmos conduzir pela dinâmica da fé podemos verificar como é possível atingir os objectivos que mais nos encantam e concretizar os sonhos que mais desejamos realizar.

Mas isto só é possível se estivermos conscientes dos objectivos que queremos atingir e dos sonhos que desejamos realizar.

Isto quer dizer que Deus não nos substitui. Está connosco, mas não em nosso lugar. Animados pela fé e a confiança em Deus podemos realizar o melhor dos nossos talentos e possibilidades, mas nada disto poderá acontecer se não soubermos onde queremos chegar.

É por esta razão que é tão importante criar espaços de diálogo com Deus sobre os nossos planos e objectivos.

Eis o que a Carta aos Gálatas diz a este respeito: “Se vivemos pelo Espírito, pautemos também a nossa vida pelo Espírito” (Gal 5, 25).

Se tomarmos Deus e a fé a sério, a força de Deus fica ao nosso dispor e nós podemos realizar maravilhas como Jesus ensinava:

“Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te ao mar acreditando e sem vacilar no seu coração isso acontecerá mesmo” (Mc 11, 22-23).

Os evangelhos falam-nos de algumas ocasiões em que os Apóstolos deram provas de não serem capazes de passar da doutrina da fé ao exercício da mesma fé:

Certo dia, Pedro quis caminhar ao lado de Jesus sobre as águas, símbolo dos problemas e dificuldades da vida.

Como a sua fé começou a fracassar, Pedro começou a afundar-se. Então Jesus disse-lhe: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 31).

Quando Jesus foi a Nazaré, diz o evangelho de São Mateus, não fez lá muitos milagres pela falta de fé dos seus conterrâneos:

“E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 15,38; cf. Mc 6, 6). Por vezes uma missão parece-nos fácil. Outras vezes parece-nos muito difícil.

Normalmente isto não depende do tipo de missão, mas do modo como estamos a viver a presença e a união com Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

09 fevereiro, 2010

CONHECER E AMAR A SABEDORIA DE CORAÇÃO

Deus Santo,

Obrigado pelo facto de cada ser humano emergir de modo único, original e irrepetível. Podemos dizer que a nossa interioridade espiritual tem as impressões digitais das nossas decisões e realizações, pois a pessoa faz-se, fazendo.

Os modeladores da nossa interioridade espiritual somos nós e o Espírito Santo que nos vai inspirando e conduzindo no sentido da nossa realização.

A presença do Espírito Santo acontece no nosso íntimo como interacção adequada à realidade e identidade de cada pessoa.

Com o seu jeito maternal de amar, ele optimiza o melhor das nossas possibilidades de humanização, embora sem impor.

O bem que fazemos configura a nossa interioridade espiritual que é a matéria-prima que Deus ressuscita e assume na Família Divina.

A nossa identidade espiritual é o nosso jeito de amar e comungar com Deus e os irmãos. É com este jeito que nos afirmamos no Reino de Deus como pessoas únicas, originais e irrepetíveis.

O centro dinâmico a partir do qual emerge a nossa vida espiritual é aquilo a que a Bíblia chama coração.

O coração, para a Bíblia é o núcleo mais nobre da nossa interioridade espiritual.
Segundo a visão bíblica, o coração é a sede das nossas decisões e projectos no sentido do bem ou do mal. É o ponto de encontro com Deus e os irmãos.

Os encontros e as relações humanizantes que vamos concretizando são os frutos bons que produzimos e tornam a nossa vida fecunda.

Estes frutos bons têm a sua origem no nosso coração, o núcleo espiritual onde habita o Espírito Santo que é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado no nosso coração (Rm 5, 5).

Espírito Santo,
É no nosso coração que tu fazes emergir a Sabedoria que nos capacita para saborearmos os acontecimentos e as coisas com os critérios de Deus.

O Insensato, diz o Livro da Sabedoria, fixa-se apenas nas aparências e não consegue elevar-se até ao autor das coisas criadas:

“A ignorância acerca de Deus e das suas obras instalou-se no coração do insensato. Eis a razão pela qual ele não é capaz de vislumbrar o autor invisível das belezas visíveis.” (Sb 13, 1).

A Carta aos Efésios diz que a Sabedoria que conduz à verdade de Deus é uma revelação que acontece no coração humano, graças à acção do Espírito Santo:

“Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê o Espírito da Sabedoria e da Revelação, a fim de poderdes conhecer bem o Deus da Glória” (Ef 1, 17).

No evangelho de São João, Jesus diz que só o Espírito Santo nos pode conduzir à Verdade plena:

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiar-vos-á para a Verdade completa” (Jo 16,13). A verdade é a compreensão e enunciação adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo. Eu vou enviá-lo com a missão de vos recordar tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).

O mundo está privado da Verdade e da Sabedoria de Deus porque não acolhe o Espírito Santo, diz Jesus no evangelho de São João:

“O Pai vai enviar-vos o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 17). Como fonte e origem da Sabedoria, Deus concede-a aos humildes que acolhem com simplicidade e pureza de coração a sua Palavra:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25; Lc 10, 21).

Aqueles a quem Deus concede o dom da sabedoria saboreiam os mistérios de Deus, do Homem e da História com os critérios de Deus.

São Paulo explica aos cristãos de Roma o que significa saborear as coisas com os critérios de Deus quando afirma:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

O evangelho de São Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52).

Jesus Cristo disse aos discípulos que não tinham necessidade de andar ansiosos e inquietos sobre o que dizer nos momentos de perseguição, pois o Espírito Santo os encherá da sabedoria de Deus que falará por eles:

“Naquela hora dar-vos-ei eloquência e sabedoria, às quais nenhum dos vossos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc 21, 15).

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que Estêvão, no momento do seu martírio, estava cheio do Espírito Santo e de Sabedoria, ao ponto de os seus inimigos não poderem resistir-lhe (Act 6, 10).

São Paulo diz que o Espírito Santo e a sabedoria de Deus não habitam nos corações orgulhosos:

“Ninguém se iluda: se alguém de entre vós julga ser sábio aos olhos do mundo, torne-se louco, a fim de obter a Sabedoria de Deus.

Na verdade, a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus” (1 Cor 3, 18-19). As pessoas de coração sábio fazem o bem, conscientes de que o melhor prémio do bem que fazem é a alegria de o terem feito.

Podemos dizer que a sabedoria é o cinzel que modela os grandes mestres, dos quais, o maior foi Jesus Cristo.

Com efeito, os homens de coração sábio são realmente mestres, isto é, pessoas que, pelo seu jeito de falar e agir, inspiram outros, ajudando-os a crescer e a realizar-se como pessoas livres, conscientes e responsáveis.

O critério fundamental das pessoas que se conduzem pela sabedoria é este:
O que não é justo não deve ser feito. Do mesmo modo, o que não é verdadeiro não deve ser dito.
No evangelho de São Mateus Jesus dá glória a Deus Pai por conceder o dom da Sabedoria às pessoas simples:

“Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra porque escondestes estas coisas aos sábios e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25).

São Paulo reconhece que a Sabedoria lhe foi dada por revelação de Deus, a fim de ele a comunicar aos outros:

“Foi-me dada a sabedoria de Deus, a fim de a dar a conhecer” (Ef 3, 10). E na Primeira Carta aos Coríntios ele afirma o seguinte:

“Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, a qual foi nos foi destinada por Deus para nós desde os tempos primordiais ” (1 Cor 2, 7).

Pai Santo,
O Livro do Génesis diz que a árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, a ciência humana, sem o condimento da Árvore da Vida, isto é, a sabedoria que vem da tua Palavra fez muito mal à Humanidade:

“E o Senhor Deus deu esta ordem ao homem: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim.
Mas não comas o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que o comeres certamente morrerás” (Gn 2, 16-17).

O Homem preferiu o fruto proibido em vez de comer o fruto da Árvore da Vida e por isso entrou na via do malogro e do fracasso:

“O Senhor Deus disse: “Eis que o Homem quanto ao conhecimento do bem e do mal se tornou como um de nós.

Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore da Vida e, comendo dele, viva para sempre.

Então o Senhor Deus expulsou-o do Jardim do Éden, a fim de cultivar a terra do qual foi tirado” (Gn 3, 22-23).

Espírito Santo,

Enche os nossos corações com a Sabedoria que vem de ti, a fim de sabermos fazer da nossa terra uma morada de paz e alegria para todos os seres humanos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


06 fevereiro, 2010

HINO A JESUS RESSUSCITADO

Jesus Cristo Ressuscitado
Tu Venceste a morte no próprio acto de morrer. Tu és, na verdade, o Senhor da vida.
Edificaste sobre o alicerce do amor e por isso a tua tenda não foi destruída pelos vendavais que a ameaçavam.

Como te deste de modo de modo total e sem reservas, não podias terminar a tua existência no vazio da morte.

De ti nos vem o Espírito Santo que nos incorpora na comunhão universal do Reino de Deus cujo coração és tu.

Apesar de seres homem connosco também pertences à esfera de Deus. A tua interioridade humana interage e está unida de modo orgânico à interioridade divina do Filho de Deus.

O vínculo que une e dinamiza esta interacção humano-divina é o Espírito Santo. Jesus de Nazaré, a tua humanidade faz um com o Filho Eterno de Deus, não por se fundirem ou misturarem, mas porque interagem de modo directo.

Tu és o Cristo de Deus. A tua realidade assenta em dois pilares que fazem uma unidade orgânica no Espírito Santo semelhante à união orgânica que existe entre Deus Pai e o Filho Eterno de Deus, os quais fazem uma união orgânica no Espírito Santo.

No evangelho de São João tu mesmo dizes isto quando afirmas: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu és o Senhor do Universo e a Cabeça da Nova Criação. Com a tua ressurreição chegou o fim dos tempos, isto é, o fim da gestação e o começo do parto que deu origem ao nascimento do Homem Novo.

Foi esta maravilha de amor que levou São Paulo a fazer a seguinte afirmação: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho.

Tudo isto nos vem por Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens.

Por seres homem connosco pertences à união orgânica da Humanidade.
Jesus Cristo Ressuscitado
Por seres Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertences à organicidade divina da Santíssima Trindade.

És do lado de Deus e do lado Homem, pois tens uma face humana e outra divina.
O Humano e o divino, em ti, interagem de modo definitivo.

Esta é a razão pela qual tu és o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5).
Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor, dando a vida por ela. Por isso edificaste uma morada no coração de todos os seres humanos.

Viveste a nossa condição de homens em construção, por isso sintonizas plenamente connosco.
Em ti, a dimensão divina não anula a humana, pois Deus e o Homem não são concorrentes mas convergentes.

És a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, não o anula. Pelo contrário, unindo-te ao humano tu o optimizas, capacitando-o para dar frutos de Vida Eterna.

E assim nos asseguras que o humano será assumido no divino, sem o mutilar ou empobrecer.

A seiva que vivifica esta união orgânica é o Espírito Santo, o fruto da Árvore da Vida que nos dá a Vida Eterna.

Com o mistério da tua ressurreição tu nos comunicaste a Água Viva que faz brotar em nós uma fonte de Vida eterna, como afirmas no evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Jesus Cristo Ressuscitado
Contigo e através de ti nós atingimos o limiar da divinização ao sermos incorporados na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Deus.

Após o mistério da Encarnação, os seres humanos foram enriquecidos como os ramos de limoeiro frágil são enriquecidos pela seiva da laranjeira vigorosa, depois de nela terem sido enxertados.

Jesus Cristo Ressuscitado
Tu mereces a gratidão de todas as gerações, pois tu abriste à Humanidade as portas do Paraíso fechadas por Adão, como tu disseste ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).

Em ti, o Humano e o Divino estão unidos para sempre. Somos salvos na medida em que formamos um todo orgânico contigo.

No evangelho de São João tu dizes que a nossa união contigo é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os ramos (Jo 15, 1-7).

A nossa vida será fecunda se estivermos unidos a ti como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

Com os teus ensinamentos e o teu jeito de viver introduziste na marcha da História uma dinâmica de libertação, à qual se opuseram os opressores do teu tempo.

No momento da tua morte, os teus inimigos cantaram vitória. Não podiam imaginar que esse momento significava a vitória da vida sobre a morte.

Como homem foste em tudo igual a nós excepto no pecado. Viveste ao lado dos outros homens sem os considerar inferiores ou indignos da tua amizade.

A tua acção era a expressão da vontade de Deus, revelando-nos deste modo o rosto e o coração bondoso do nosso Pai do Céu.

Na verdade, o amor com que nos amaste foi a expressão da paixão de Deus pela Humanidade.
No momento da tua ressurreição inauguraste, com os que te precederam na História, a festa da Comunhão Universal.
Unidos a todos os que estão unidos à tua glória de ressuscitado, nós te dizemos: Glória a ti, Jesus Cristo Ressuscitado!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

01 fevereiro, 2010

O MISTÉRIO DA FÉ COMO FONTE DE ALEGRIA

À medida que o mistério da fé se nos revela, a nossa vida ganha sentido e cresce em nós a certeza de estarmos a caminhar para a plenitude da alegria.

A mesma fé garante-nos que a marcha criadora da Universo foi iniciada pela força do amor. Ainda a terra não girava à volta do Sol. Ainda o Céu não era azul e o Deus amor já estava a dinamizar a marcha do Universo a partir de dentro.

Movido pela força do Amor, o Universo evoluiu no sentido da Vida Pessoal Espiritual. O crescimento da vida pessoal não se pesa ao quilo nem se avalia pelo volume.
Não se mede ao metro, nem se analisa pelo cálculo das superfícies. A única maneira de conhecermos a qualidade da vida pessoal de uma pessoa é observar o seu jeito de amar.
Por outras palavras, a identidade espiritual de uma pessoa é o seu jeito de amar.

Jesus dizia que a casa de Deus é uma comunhão amorosa. Também dizia que o Reino de Deus é a comunhão das núpcias do Filho de Deus.

Nesta festa todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que treinou na Terra.
Isto quer dizer que a nossa identidade espiritual permanece eternamente na comunhão da Família de Deus.

Pelo contrário, a nossa identidade física, isto é, o nosso ADN e as nossas impressões digitais acaba no cemitério.

Na Festa do Reino de Deus todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual dança com o jeito que treinou aqui na História.

Eis as palavras de Jesus sobre a nossa participação na Festa da plenitude da Família de Deus: “Exultai e alegrai-vos, pois grande será vossa recompensa no Céu” (Mt 5, 12).

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

Com estas palavras, São Paulo queria dizer que a morada de Deus não é uma questão de espaço físico.
Pelo contrário, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual começa esse campo espiritual contínuo de interacções amorosas que é o Reino de Deus.

Podemos dizer que não há lonjura entre nós e a Comunhão universal da Família de Deus. Deus vem sempre ao nosso encontro a partir de dentro e nós temos de entrar no nosso íntimo para nos encontrar com Deus.

Graças a esta presença permanente de Deus no nosso íntimo os cristãos podem saborear com alegria que Deus não é uma realidade distante e alheia a cada um de nós.

Ao revelar-nos o enxerto do divino no humano, o mistério da Encarnação é a expressão máxima de Deus e do seu Amor por nós, fazendo que o seu Filho se tornasse o primogénito de muitos irmãos, como diz São Paulo (Rm 8, 29).

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “O amor de Deus manifestou-se no meio de nós, pois ele enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, a fim de que, por ele, tenhamos a Vida Eterna” (1 Jo 4, 9).

O evangelho de São João diz que a fidelidade de Jesus radica no facto de ele ter a plenitude do Espírito Santo e transmitir a Palavra de Deus com fidelidade:

“Aquele que vem do Alto está acima de todas as coisas e as suas palavras são de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34).

Noutra ocasião disse aos discípulos que veio comunicar-lhes a Palavra de Deus, a qual é uma fonte inesgotável de alegria:

“Revelei-vos estas coisas, a fim de que a minha alegria esteja em vós e, a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias