21 março, 2010

A NOSSA CONFIGURAÇÃO ESPIRITUAL

A Carta aos Efésios diz que Deus pensou no Homem ainda antes de iniciar a criação do Universo:
“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.
Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua vontade” (Ef 1, 4-5).

Isto quer dizer que Deus sonhou desde toda a eternidade, o seu plano de salvação para o Homem, o qual inclui a Nova e Eterna Aliança.

A Carta aos Efésios diz que este plano esteve oculto durante milénios, mas Deus deu-o a conhecer na plenitude dos tempos:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, o qual não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas pelo Espírito Santo” (Ef 3, 4-5).
A Nova e Eterna Aliança representa a plenitude de um projecto querido por Deus ainda antes de ele ter iniciado a génese da Criação.

A Antiga Aliança foi um degrau para Deus conduzir a Humanidade até Jesus Cristo. Mas o seu plano criador tinha como meta e cúpula da Criação a Nova e Eterna Aliança.

A Antiga Aliança foi o sinal da acção pedagógica do Espírito Santo que foi preparando a Humanidade para a plenitude dos tempos:

“Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação que os dividia: a Lei de Moisés com suas normas, preceitos e leis, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.
Portanto, os pagãos já não são estrangeiros nem imigrantes, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2, 14.19).

O Novo Testamento diz várias vezes que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:

“Antes de chegar a plenitude da Fé estávamos prisioneiros da Lei de Moisés. Por isso era preciso que a Fé se revelasse.
A Lei tornou-se o nosso pedagogo até Cristo, a fim de sermos justificados pela Fé. Agra já sois filhos de Deus, por isso não estais sob o domínio do pedagogo. Já não há judeu ou grego.
Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).
A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para a obtenção da salvação, diz a Carta aos Hebreus.

A Nova Aliança, pelo contrário, tem como alicerce o dom do Espírito, o qual realiza em nós a obra da salvação, diz São Paulo:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).
Viver a dinâmica da Nova aliança significa deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, sugere a Carta aos Gálatas:

“Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Ta 5, 22).

A Antiga Aliança foi superada pela Nova e Eterna Aliança, tal como as metas que estão em função de um objectivo são superadas quando o objectivo é atingido.

A Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

Pelo contrário, a Nova e Eterna Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga Aliança.

Com efeito, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa simples continuidade em relação à libertação da escravidão do Egipto.
A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Já no livro do profeta Ezequiel Deus promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma Aliança Eterna.

Estabelecerei contigo a minha Aliança e então saberás que eu sou o Senhor, a fim de que te lembres de mim” (Ez 16. 60-63).

O profeta Jeremias diz que a Nova aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pelo dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.
Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terra do Egipto.

Apesar de eu ser o seu Deus, eles não cumpriram a Aliança que eu fiz com eles, oráculo do Senhor.

Esta será a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:

Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, não é escrita em tábuas de pedra, como a Antiga, mas foi impressa pelo Espírito Santo no coração das pessoas.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo escrita pelo Espírito Santo pois pertencem à Nova Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos vossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.
Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações. Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

Segundo o plano da Nova e Eterna Aliança, nós recebemos, através da ressurreição de Cristo, o dom definitivo da Salvação: o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus (Rm 8, 14-17).

O Filho de Deus que era único, ao tornar-se nosso irmão tornou-se o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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