05 abril, 2007

A Ousadia que se tornou Caminho

Jesus, pela lucidez do Espírito Santo que te habitava foste compreendendo que estavas chamado a mais do que pertencer ao Resto Fiel do seu Povo.

Inspirado pelo Espírito Santo e ajudado pela mediação dos teus Pais, dos Profetas do Antigo Testamento e de João Baptista, sentiste-te chamado a ser construtor desse Resto Fiel.

Mas ainda não tinha terminado o caminho que o Espírito fazia contigo…

Depois da prisão de João, em vez de teres sentido medo, sentiste-te impelido à missão profética. O Espírito no teu íntimo, Aquele de quem virias depois a dizer que “conduz à compreensão de toda a Verdade”, revelou-te que a tua missão era mais que profética: era messiânica.

A esperança messiânica já estava profundamente alterada pela passagem dos séculos. Havia, no teu tempo, três perspectivas: um messianismo sacerdotal, um messianismo militar e um messianismo apocalíptico.
Não te sentiste chamado por Deus a realizar nenhum destes, e optaste conscientemente por um Messianismo Profético.

Assim começaste a percorrer a Palestina, proclamando a Boa Nova de um Deus-Abba, substituindo os Mandamentos estritos da lei pela lógica das Bem-Aventuranças, substituindo a observância ritual de normas pela construção do Reino de Deus, substituindo o legalismo pela compaixão fraterna e o culto pela misericórdia.

Homem Livre no Espírito, ousaste desafiar os “donos” da Verdade. Porque eras era servo dela, mas não servo deles!

A tua Bondade era profética, porque o acolhimento dos pecadores e as refeições com os impuros eram palavras muito fortes para os Doutores da Lei, Fariseus e Sacerdotes.

Assumiste as consequências máximas da Verdade, mesmo quando era difícil compreender qual seria o melhor caminho. A grande ousadia dos profetas é atirar-se de cabeça para a certeza de que Deus há-de arranjar uma solução vitoriosa para todas as suas lutas.

A tua grande ousadia não foi simplesmente o enfrentamento dos poderosos com listas intermináveis de “Ai de vós!”
Nem foram apenas as comparações depreciativas que deles fazias com os pecadores públicos e as prostitutas.
A tua grande ousadia não foi escolher como discípulos apenas homens mal preparados e pecadores públicos.
A grande ousadia não foi quebrar os preconceitos e as separações entre puros e impuros.
Nem sequer foi aquela entrada purificadora no Templo de Jerusalém em que tudo caiu pelo caminho…

A tua grande ousadia foi teres aceitado morrer por tudo isto! Essa sim, foi a grande ousadia: não teres virado as costas quando te deste conta de que a Hora da escolha definitiva chegara.
No Jardim das Oliveiras aconteceu a última oportunidade para voltares atrás, ou então terias que provar com a própria Vida tudo o que tinhas dito e feito. Tudo exige menos coragem e ousadia do que isto…

Era a tua Hora, com olhe chamou o teu evangelista João.
A tua grande ousadia aconteceu nesta Hora, quando decidiste definitivamente atirares-te de cabeça para o abismo da Fidelidade!

Atiraste-te de cabeça para a Fidelidade do Pai, e o Pai atirou-se de cabeça para a tua Fidelidade! Encontraram-se definitivamente “no outro lado da cruz”, no outro lado da morte que é a Ressurreição.
A Ressurreição é a morte vista por dentro!

Na tua fidelidade, Jesus, tornaste-te Caminho para a Fidelidade de Deus e selaste na tua Ressurreição a Nova e Eterna Aliança no Espírito Santo.

Bendito sejas, Senhor, pelo Dom da Vida em Abundância no Espírito Santo que inaugurou a Festa Humano-Divina do Céu e principiou uma Nova Humanidade!



ALELUIA

Tenho a certeza que este dia vai ser BOM!
Rui Santiago

1 comentário:

Anónimo disse...

Jesus Ressuscitado:
viver e celebrar a Pàscoa
é aceitar percorrer os teus passos,
é aceitar caminhar no Espirito
que sempre nos conduz a novos saltos, a novas transformaçoes,
a novas passagens.
E aceitar esses apelos do Espirito,
Mestre, é aprender contigo a fidelidade. A fidelidade ao Evangenlho, a fidelidade ao Reino, a fidelidade ao Pai.
Obrigado por esta Pàscoa, Senhor, obrigado pela experiencia pascal que o Espirito conduz os teus discipulos a fazer.
Os de ontem como os de hoje.
Assim, sim, Mestre, vale a pena sair à rua e gritar: "é Ressuscitado: venceu". Aleluia.