29 janeiro, 2009

A ARTE DE EDUCAR E RESPEITAR A CRIANÇA-I

I-SOMOS RESULTADOS DA NOSSA HISTÓRIA

A infância é a grande oportunidade que se oferece aos adultos de modelarem a personalidade dos homens de amanhã.

A marcha da Humanidade foi sempre assim, mas nem sempre as gerações adultas, ao educarem as crianças, tinham consciência de estarem a modelar e a influenciar o rumo da Humanidade.

Normalmente a educação era entendida como a tarefa de levar as novas gerações a repetir o que fizeram as gerações anteriores, a fim de se manter o modelo de Homem do passado.

Tentava-se a todo o custo criar um jeito de pessoas que repetissem os modelos do passado. Por vezes ouve-se dizer que levamos dentro de nós a criança que fomos e que não mais se apaga.

Isto é verdadeiro, tanto para o bem como para o mal. Há muitos adultos a sofrer devido às feridas que derivam da sua infância magoada.

Toda a nossa história está inscrita na nossa mente. O nosso cérebro é um órgão vivo que se transforma com as experiências que vamos tendo ao longo da vida.

Isto quer dizer que em boa parte, o modo de nos comportarmos é fruto da infância que tivemos.

Os adultos que transportam o sofrimento devido à criança machucada que levam dentro devem procurar meios de se libertarem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE EDUCAR E RESPEITAR A CRIANÇA-II

II-EDUCAR É UMA ARTE QUE EXIGE AMOR

Do mesmo modo, as pessoas que têm a missão de moldar a personalidade das crianças devem fazer tudo para que estas não fiquem magoadas e infelizes para o resto da vida.

O trabalho de moldar a personalidade da criança é uma arte que só pode ser eficaz através do amor.

Podemos ter a certeza que o modo de os adultos se relacionarem com a criança vai decidir, em grande parte, o tipo de pessoa que ela vai ser amanhã.

Quanto mais tomarmos consciência das feridas que habitam o interior das pessoas, melhor preparados estaremos para moldar bem as crianças com as quais nos relacionamos.

As feridas de que falamos são o fardo pesado que essas pessoas tiveram de suportar em criança.

Dando amor às crianças estamos a alimentar o seu espírito, ajudando-as a estruturar-se de modo equilibrado e a curar muitas das suas feridas interiores.

A identidade moral e espiritual da criança não é uma realidade determinada. As alterações operadas no nosso cérebro pelas relações e experiências que vamos vivendo ao longo da nossa história não estão determinadas pelo património genético.

Na verdade, ajudar as crianças a estruturar bem a sua personalidade é uma arte que só pode ser realizada com muito amor.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE EDUCAR E RESPEITAR A CRIANÇA-III


III-CRITÉRIOS QUE DEVEMOS TER PRESENTES

Não há muitas receitas para bem realizarmos esta tarefa. Mas podemos descobrir alguns princípios inspiradores:

É importante elogiar com moderação, a fim de evitar demasiada pressão sobre as crianças. O excesso de elogios cria nas crianças demasiadas expectativas, dando lugar à frustração, caso não consigam atingir os valores e as metas que insinuámos.

Não é bom empregar expressões que não correspondam à realidade. Não é bom discutir os comportamentos das crianças em sítios onde eles estejam a ouvir.

A discussão dos problemas comportamentais na frente das crianças cria nelas expectativas e ansiedade.

Lembremo-nos de que as crianças não sabem defender-se e tomam como verdade absoluta afirmações que possam ouvir sobre elas.

As crianças pensam que os comentários que ouvem sobre os seus comportamentos são uma verdade imutável e, portanto, não podem ser alterados.

É por esta razão que elas começam a agir de acordo com os comentários que ouviram.
Não entregue demasiadas responsabilidades e às crianças.

Elas necessitam de ser orientadas e conduzidas, a fim de se sentirem seguras. A criança tem pouca capacidade de escolha, pouca liberdade e responsabilidade, pois não é um adulto.

Mas é muito importante ir dando responsabilidades às crianças de acordo com as suas capacidades.

Esta é a maneira de possibilitar o crescimento da auto-estima autoconfiança da criança.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE EDUCAR E RESPEITAR A CRIANÇA-IV


IV-SABER RESPEITAR A CONDIÇÃO DA CRIANÇA

Não se deve dar demasiadas responsabilidades às crianças. Este procedimento rouba-lhes a possibilidade de ser criança.

Isto quer dizer que não é bom fazer das crianças adultos antes do tempo. Não mutilemos a riqueza interior das crianças, roubando-lhes o mundo das fantasias, dos sonhos e devaneios próprios dessa etapa de vida.

As fantasias, os sonhos e devaneios das crianças são muito importantes para elas desenvolverem a sua sensibilidade e capacidade criadora. Não há criatividade sem sonho e fantasia.

Estejamos atentos para não superproteger as crianças, pois a superprotecção aumenta a dependência das crianças e torna-as supersensíveis.

A criança tem de aprender que uma vida de sucesso também tem fracassos pelo meio. É bom ensinar às crianças que, ao longo da vida, terão de enfrentar dificuldades e obstáculos. É importante ajudá-las a contornar os obstáculos.

Sejamos leais para com as crianças. Cumpramos as nossas promessas. Sejamos justos nos castigos.

Os pais ponham-se de acordo sobre o modo de educar e agir. Se actuam em direcções opostas, as crianças sentem-se confusas e perdidas.

Se um dos pais põe a criança contra o outro, a criança começa por acreditar que este progenitor tem razão.

Mas em breve sentirá raiva e desprezo por ele, pois ele fez-lhe mal roubando-lhe um dos pilares básicos para a sua estruturação afectiva.

É preferível deixar que seja a criança a descobrir a verdade dos factos. Sejamos positivos na valorização dos seus trabalhos.

Se falar mal do trabalho da criança esta em breve em começará a imitar essas queixas em relação à escola, aos trabalhos de casa, e às tarefas que lhe são pedidas.

Não nos esqueçamos que as crianças copiam o que os pais fazem, não o que dizem. Bom educador é o adulto que é capaz de aprender com as crianças.

É importante que os pais arranjem tempo para falar e aprenderem com os seus filhos. Não nos devemos sentir inibidos na nossa acção de educadores pelo facto de podermos condicionar as crianças.

Mesmo tentando dar o melhor, podemos ter a certeza de que possibilitaremos e também condicionaremos.

Lembremo-nos de que não há adultos perfeitos como não há crianças perfeitas. Não existe uma fórmula mágica que possibilite a educação da criança sem quaisquer condicionamentos.

Quando a criança não presta atenção a qualquer dos progenitores, não se deve ver nisto um ataque, mas uma chamada de atenção no sentido de pedir mais espaços de comunicação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

27 janeiro, 2009

DEUS E A DINÂMICA DA SALVAÇÃO EM CRISTO-I

I-TRINDADE DIVINA E O PLANO DA SALVAÇÃO

O Deus de Jesus Cristo não é uma força misteriosa sem coração. O Deus da fé bíblica é relações de bem-querer e amor familiar.

As pessoas divinas comunicam em perfeita reciprocidade e comunhão: Deus Pai comunica-se com amor paternal infinito e incondicional com o Filho eterno de Deus: “Quero ser totalmente para ti!”

Do mesmo modo, Deus Filho comunica-se como amor filial, respondendo em atitude de acolhimento e gratidão ao dom de Deus Pai:

“Sei que me amas incondicionalmente. Tenho a certeza de que queres o melhor para mim e por isso quero fazer a tua vontade e deixar-me ser totalmente por ti.

A Encarnação significa que Jesus de Nazaré e o Filho Eterno de Deus fazem uma união orgânica e dinâmica, alimentada pelo Espírito Santo.

Enquanto viveu na História, Jesus era a expressão humana do amor incondicional do Filho Eterno de Deus Filho com o seu Pai.

Os evangelhos dizem que Jesus exprimiu muitas vezes este desejo de se identificar totalmente com a vontade de Deus:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34). “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30).

“O pai não me deixou sozinho, pois eu faço o que lhe agrada” (Jo 8, 29). “O mundo há-de saber que amo o Pai e que faço como ele me ordenou” (Jo 14, 31).

De tal modo a vontade de Jesus Cristo, estava em sintonia com a vontade de Deus Pai que Jesus disse um dia: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

“Não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18, 14).

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Calmeiro Matias

DEUS E A DINÂMICA DA SALVAÇÃO EM CRISTO-II

II-ESPÍRITO SANTO E O DIÁLOGO ENTRE O PAI E O FILHO

O Espírito Santo é o amor maternal de Deus. A terceira pessoa da Trindade Divina ocupa um lugar central na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é princípio animador de relações e ponto de convergência comunitária.

Isto quer dizer que o Espírito Santo está sempre activo no diálogo do Pai com o Filho e vice-versa.

O Espírito Santo inspira novidade amorosa no dom de Deus Pai para com o Filho de Deus e na resposta amorosa do Filho para com o Pai.

De modo discreto, ele sugere ao Filho que ofereça um dom filial a Deus Pai. É este o sentido do gesto amoroso da Encarnação através da qual o Filho de Deus se fez irmão dos homens, a fim de Deus Pai ter muitos filhos:

Os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai, ao mesmo tempo que são irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus, diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

O Pai modelou-nos de acordo com o seu Filho, a fim de Jesus Cristo ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 20).

Na verdade, o plano salvador de Deus nasceu do diálogo íntimo da Santíssima Trindade.

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Calmeiroi Matias

DEUS E A DINÂMICA DA SALVAÇÃO EM CRISTO-III

III-TRINDADE DIVINA E ENCARNAÇÃO

Pelo mistério da Encarnação o Divino a enxertou-se no Humano, a fim de a Humanidade ser divinizada.

Por este acontecimento o Espírito Santo foi-nos comunicado de modo intrínseco, a fim de ser o portador da vida divina no nosso interior.

Isto significa que os frutos de vida nova que vamos produzindo, são resultado da seiva divina a circular nas “veias” interiores do nosso ser espiritual.

Com efeito, podemos dizer que a criação e a salvação brotam do diálogo amoroso da Santíssima Trindade.

É no Espírito Santo que Deus Pai comunica connosco o seu amor paternal. É também no Espírito Santo que Cristo nos ama com o jeito de amar de um irmão muito querido.

O evangelho de São João diz que o Filho Eterno de Deus, ao encarnar, nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Segundo o evangelho de São João os seres humanos fazem uma união orgânica com o filho de Deus e este faz uma união orgânica com o Pai.

Deste modo somos assumidos e incorporados na comunhão da Família de Deus (Jo 17, 21-23).
O Espírito Santo é o sangue divino que alimenta a vida desta Família humano-divina.

São Paulo intuiu este papel central do Espírito Santo na comunhão orgânica de Deus com o Homem.

Foi esta intuição que o levou a afirmar que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

24 janeiro, 2009

MEDITANDO SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO-I

I-O TEMPO E A MARCHA DA CRIAÇÃO

Deus criou o tempo, a fim de a Criação poder emergir e estruturar-se segundo uma sequência de causas e efeitos.

Deus criou o tempo porque a Criação não é um o resultado de um acto mágico. Deus criou o tempo, pois quis que o Homem fosse autor de si mesmo a partir dos possíveis que recebe dos outros.

Sem a sequência do tempo, a vida não podia evoluir, atingindo complexidades superiores e dando novos saltos de qualidade.

É verdade que Deus não precisa do tempo para ser e se realizar como Deus. Mas o tempo é uma realidade indispensável para Deus conduzir a Criação à sua plenitude!

A Humanidade, pelo contrário, precisa do tempo como do pão ou da água para crescer, se realizar e atingir a plenitude em Deus.

O tempo é uma realidade multifacetada, a qual pode ser experimentada de modos muito diferentes.

Temos, por exemplo, o tempo medido pelo cronómetro, o qual emerge do ponto-instante matemático e vai-se estruturando em horas, minutos e segundos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MEDITANDO SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO-II

II-O TEMPO MARCA AS PESSOAS E AS COISAS

Como realidade condensada na vida, o tempo adquire um valor especial nessa unidade mais vasta a que damos o nome de ano.

O ano imprime as suas impressões digitais nas pessoas, ao ponto dos outros poderem ler em nós, e nós neles, os vestígios dessas impressões digitais.

É por isso que ao cruzarmo-nos com uma pessoa na rua, apercebemo-nos de modo natural e espontâneo se é um ser humano com cerca de vinte anos ou, se pelo contrário, tem quarenta, ou setenta.

Apesar de nos podermos enganar, a margem de erro é relativamente pequena. Também a Natureza, como mãe da vida, é harmoniosamente moldada pelo tempo em ciclos anuais.

Em cada ano, ela se veste para nós em tons de Primavera, Verão, Outono ou Inverno. O tecido físico da matéria e a marcha da História Humana também se estruturam com a dinâmica do tempo.

Quando queremos olhar a realidade com horizontes mais amplos, nós juntamos os anos em séculos ou milénios, a fim de medirmos melhor a acção do tempo no tecido da matéria ou no evoluir da História.

Se queremos medir o tempo dos circuitos e interacções dentro do sistema solar temos ainda o mês lunar ou o ano solar.

Além disso, os peritos também sabem medir em séculos ou milénios as marcas que os anos foram imprimindo na estrutura da matéria e na evolução histórica das Humanidade.

Ao nível das grandes dimensões cósmicas, os cientistas utilizam essa unidade imensa que é o ano-luz.

Os astrofísicos conseguem calcular os milhões ou triliões de quilómetros que nos separam das diversas estrelas através dessa unidade de medida gigante que é o ano-luz.

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Calmeiro Matias

MEDITANDO SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO-II

MEDITANDO SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO-III

III-O TEMPO HUMANO

Mas existe ainda a maneira existencial de medir o tempo. Trata-se do tempo psicológico, o qual é vivido de modo diferente pelo jovem ou pelo idoso.

Para o idoso, que depressa passam as horas, os dias e os anos! Para os jovens, pelo contrário, como o tempo é lento, excepto nos momentos de brincar ou fazer festas.

O mesmo acontece com o tempo biológico. É bem conhecida a lentidão da cicatrização nas feridas nos idosos.

As feridas dos jovens, pelo contrário, cicatrizam com uma rapidez que nos espanta. O tempo possibilitou a evolução animal, dando origem à complexidade cerebral do cérebro humano que é a matriz a partir da qual acontece a emergência da vida pessoal-espiritual.

Olhando o tempo com as lentes da fé cristã, este adquire também uma dimensão teológica: Ele é o “kairós”, isto é, o tempo oportuno para o amor de Deus incarnar na História Humana e, deste modo, realizar a salvação da Humanidade.

O kairós é o tempo oportuno, isto é, a hora escolhida por Deus para acontecer o mistério da Encarnação mediante o enxerto do divino no humano.

Kairós é também o momento em que Deus ressuscita Jesus Cristo, condição para a Humanidade ser divinizada.

A divinização da Humanidade acontece mediante a sua assunção e incorporação na Família de Deus.

Deus não precisa do tempo para ser Deus, pois ele é o criador do tempo e é anterior ao Tempo.

A Humanidade, pelo contrário, precisa do tempo como precisa de comer e beber para crescer, e atingir a sua plenitude na comunhão com Deus.

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Calmeiro Matias

21 janeiro, 2009

A NOVIDADE PERMANENTE DE DEUS-I

I-O DEUS SEMPRE NOVO

Deus não é uma fórmula matemática para o homem equacionar ao jeito de uma teoria. Deus não é uma espécie de tabuada que possamos memorizar para repetir de cor.

Na bíblia, Deus define-se como Aquele que é, isto é, o que está sempre a ser. Eis as palavras do Livro do Êxodo: “Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou”.

E acrescentou: “Dirás aos filhos de Israel: “ O Eu Sou manda-me a vós!” (Ex 3, 14). Se Deus é um “Eu Sou”, isto quer dizer que é um Deus que está sempre a ser. Por outras palavras, Deus é “uma realidade sempre presente”.

Por outras palavras Deus nunca foi ou será “um passado”. Na verdade, a Divindade é uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência total de comunhão amorosa.

O rosto trinitário de Deus é a cúpula da revelação. É o ponto de chegada, não o ponto de partida da revelação.

Deus Começou por revelar a sua natureza divina: “Eu sou o único Deus. Fora de mim não há outros deuses”

Os seres humanos são criados à imagem de Deus, mas não são deuses. Depois de Deus ter revelado a sua natureza de Deus Único, a revelação podia avançar em direcção ao mistério do Deus relações:

A Divindade, tal como a Humanidade, é um mistério de relações interpessoais.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE PERMANENTE DE DEUS-II

II-DEUS É RELAÇÕES DE AMOR

Por outras palavras, há um só Deus, mas Deus não é um sozinho. O Uno em Deus é a comunhão, o plural são as pessoas.

No mistério da Trindade Divina, nenhuma das pessoas precede a outra: Deus Pai descobre-se como Pai porque se encontra face a face com o Filho de Deus.

Na verdade, não pode existir um pai sem existir simultaneamente um filho. O Filho de Deus é gerado, mas não procriado. Na verdade, em Deus há geração eterna, mas não procriação.

Eis o que significa dizer que Deus é uma emergência permanente e eterna de três pessoas de perfeição infinita em total convergência de comunhão amorosa.

Na reciprocidade amorosa do Pai com o Filho, as pessoas emergem em simultâneo como dois jeitos diferentes de amar: amor paternal e amor filial.

O Espírito Santo é a terceira pessoa divina. O seu jeito de se relacionar e comungar, o Espírito Santo é a ternura maternal de Deus.

O jeito de o Espírito Santo ser pessoa é animar as relações de amor de Deus Pai com Filho de Deus, e criar vínculos de comunhão.

Como o amor de Deus Pai é uma novidade constante, Deus Filho está constantemente a ser gerado.

Deus não é nem será nunca um passado. Na verdade, Deus é um presente eterno. Por outras palavras, o Filho de Deus não foi gerado num passado longínquo. Pelo contrário, está sempre a ser gerado.

Deus Pai ama de modo paternal, isto é, como doação incondicional. Esta doação paternal é totalmente gratuita, pois não é motivada por qualquer outra doação prévia.

Por outras palavras, o amor paternal de Deus Pai não é precedido de qualquer outro estímulo amoroso.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo encontra-se no coração da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A NOVIDADE PERMANENTE DE DEUS-III

III-SÓ O AMOR PODE CONHECER O ROSTO DE DEUS

Se Deus é uma comunhão trinitária, então o coração de Deus é um dinamismo de interacções amorosas, em cujo centro actua o Espírito Santo.

Na verdade, o jeito de ser do Espírito Santo é inspirar novidade na interacção amorosa do Pai com do Filho.

A bíblia diz que Deus é amor e que só podemos chegar ao conhecimento de Deus, amando (1 Jo 4, 7-8; 16).

Com o acontecimento da ressurreição de Cristo, a Humanidade passou a interagir de modo orgânico e intrínseco com o Espírito Santo.

Ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações, diz São Paulo (Rm 5, 5). Graças ao jeito maternal de amar do Espírito Santo, nós somos incorporados por ele na Família de Deus.

São Paulo diz que nós somos filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros com Jesus Cristo (Rm 8, 14-16).

A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7). Depois acrescenta que só através do amor podemos conhecer a realidade de Deus (1 Jo 4, 8; 16).

O conhecimento de Deus, portanto, não é uma mera actividade mental de tipo teórico, mas um jeito de nos relacionarmos com as pessoas divinas mediante a oração e a comunhão com Deus e os irmãos.

Isto é igualmente verdade para o conhecimento amoroso entre as pessoas humanas. Basta ver, por exemplo, como o conhecimento profundo dos esposos não resulta de uma mera actividade mental, mas pressupõe um entretecido de relações que culminam na comunhão amorosa.

A primeira Carta de São João insiste no aspecto relacional e amoroso do conhecimento de Deus.
Eis as suas palavras: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.

Quem não ama não pode conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7). O conhecimento de Deus, na verdade, é sobretudo uma actividade do coração.

Com efeito, o conhecimento profundo das pessoas não se consegue através de um acto intelectual, mas sim através de relações de amor e comunhão.

Como o amor é uma novidade permanente, Deus é uma novidade permanente. A melhor maneira de sintonizarmos com o coração de Deus, é ter a mente e o coração aberto à novidade,
No livro do Apocalipse, Deus diz que faz as coisas todas novas (Apc 21, 5).

Como o Amor nunca envelhece, Deus é uma eterna juventude.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias






18 janeiro, 2009

SABER ESTRUTURAR-SE COMO PESSOA-I

I-AUTORES DA NOSSA REALIZAÇÃO PESSOAL

Naquilo que temos de bom somos realmente parecidos com Deus. Ao criar-nos à sua imagem e semelhança, Deus talhou-nos para o amor.

Assim como a vida natural não pode subsistir e crescer sem água, a vida espiritual não pode emergir e fortalecer-se sem a dinâmica das relações de amor.

Se meditarmos sobre o mistério de Deus, damo-nos conta que o amor, de facto, não é uma questão secundária.

Basta pensarmos que Deus é a origem da realidade e Deus é amor (1 Jo 4, 7). A nossa fé diz-nos que Deus é uma comunhão familiar infinitamente perfeita.

Por estar talhado para a comunhão com Deus, o ser humano pode emergir e crescer sempre como capacidade de amar.

Para lá do desenvolvimento físico, o crescimento da pessoa humana acontece como emergência espiritual livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

O ser humano nasce com um leque de possibilidades para se estruturar como pessoa, a que Jesus deu o nome de talentos.

Uns nascem com cinco, outros com três, dois ou um. Ninguém é herói por receber cinco, como ninguém tem culpa por receber um.

A heroicidade da pessoa está em realizar os talentos que recebeu. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Mateus:

“Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel em pequenas coisas, muito te confiarei. Entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25, 23).

Isto quer dizer que começamos por ser o que os outros fizeram de nós. Foi dos outros que recebemos os talentos.

Mas o mais importante é o que nós fazemos com o que recebemos dos outros. Somos realmente parecidos com Deus.

Somos, na verdade, autores de nós mesmos. A dignidade da pessoa humana radica no facto de nascer possibilitada, mas não determinada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABER ESTRUTURAR-SE COMO PESSOA-II

II-A PESSOA E A NOVIDADE DE DEUS

É verdade que os outros nos condicionam, mas é deles que recebemos as possibilidades fundamentais para nos realizarmos.

Ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa realização. As relações marcadas com a densidade do amor têm em si a capacidade de fazer emergir e estruturar a realidade da pessoa.

O amor é, em si mesmo, uma dinâmica criadora. O amor nunca envelhece e é uma fonte permanente de novidade.

A génese do Universo foi iniciada pela força do amor. Na verdade, ainda antes da explosão primordial que deu início à génese do Universo, já existia o amor.

E a marcha criadora da Humanidade está a caminhar para a esfera da Comunhão Universal cujo centro é Deus.

Isto quer dizer que ao dar o salto para a vida pessoal e espiritual a evolução criadora atingiu o limiar da vida eterna.

Com o aparecimento de Jesus Cristo, o divino enxertou-se no humano e a vida humana foi divinizada.

Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual e comungar amorosamente.
De facto, a vida pessoal não é uma questão de quantidade.

Não se pesa ao quilo nem se avalia pelo volume. Não se mede ao metro nem se analisa pelo cálculo de superfícies.

Apenas podemos avaliar a densidade da vida espiritual humana analisando o jeito de amar das pessoas.

De facto, é o jeito de amar que revela a qualidade do coração humano e o nível de humanização de uma pessoa.

A identidade espiritual da pessoa é, na realidade, o seu modo interagir e comungar com os outros.

No Reino de Deus conheceremos o modo como uma pessoa se realizou na história pelo modo como ela sabe amar e comungar com os outros.

A pessoa revela-se através da reciprocidade amorosa. Na verdade, é dando-se que a pessoa se encontra e possui.

Isto quer dizer que não serve para a vida eterna quem se recusa a amar. O Espírito Santo vai-nos moldando e capacitando para comungarmos na Família da Santíssima Trindade, pois ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Por ser amor, Deus é uma novidade permanente, pois o amor não se repete. Isto quer dizer que Deus é surpreendente, tanto a nível das relações entre as pessoas da Santíssima Trindade como no jeito de se comunicar ao Homem.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABER ESTRUTURAR-SE COMO PESSOA-III

III-O HOMEM E O DINAMISMO DE DEUS

Deus não é um ser estático, sem início e sem fim. Pelo contrário, é de modo permanente o início e o fim, o Alfa e Ómega.

A divindade é Amor. Na pessoa do Pai, Deus é dom incondicional e sempre novo para o seu Filho: “Quero ser inteiramente para ti”.

Na pessoa do Filho, Deus é aceitação alegre e agradecida do dom do Pai: “Quero ser totalmente por ti, pois sei que o teu querer a meu respeito coincide totalmente com o que é melhor para mim”.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito é princípio animador de relações e vínculo de comunhão amorosa.

Criados à imagem de Deus, os seres humanos foram sonhados por Deus para serem membros da Família Divina: Fomos concebidos por Deus para sermos filhos em relação a Deus Pai e irmãos do Filho de Deus.

Esta incorporação é possível graças ao facto de fazermos um todo orgânico com Cristo. Na verdade, Jesus Cristo é Homem connosco e é Deus com o Pai e o Espírito Santo.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho Eterno de Deus que nos acolhe como irmãos.

Na Carta aos Romanos, São Paulo descreve de modo muito bonito esta nossa incorporação na Família de Deus pelo Espírito (cf. Rm 8, 14-17).

Em cada pessoa a natureza humana emerge de modo único, original, irrepetível e capaz de amar.
Podemos dizer que Deus acolhe cada pessoa de modo adequado à sua originalidade, dando origem a uma relação totalmente nova com cada pessoa.

Na verdade, o Deus que nos salva é realmente um Deus sempre novo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

15 janeiro, 2009

O CÉU É A FESTA DO AMOR TOTAL-I

I-A ALEGRIA SEM CONDICIONAMENTOS

O Céu não é um lugar. São Paulo diz o Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

Por outras palavras, o Céu é uma festa que acontece no íntimo das pessoas cujo coração está aberto à comunhão.

O Céu é uma Comunhão Universal constituída pelas pessoas da Santíssima Trindade, com as pessoas divinas e todas as pessoas humanas capazes de comungar com Deus e os irmãos.

A ansiedade e a angústia não têm lugar no Reino de Deus. O medo já não existe, pois as pessoas amam-se todas e o sofrimento e a morte já não têm lugar.

Também não há preocupações com qualquer tipo de necessidade. De facto, no Reino de Deus ninguém se preocupa com a roupa que vai vestir, ou com os alimentos que vai comer.

No Céu o egoísmo e a inveja já não existem. A alegria das pessoas está em dar o melhor de si para que os outros sejam felizes.

E como é dando que se recebe, na Comunhão da Família de Deus todos vivem em plenitude.
Por outras palavras, a felicidade, no Céu, está mais em dar do que em receber.

Como existe uma comunhão perfeita entre as pessoas, no Céu todos recebem na medida em que dão.

Já ninguém pretende amontoar, pois ninguém pretende ter mais que os outros. Foi por esta razão que Jesus nos ensinou a orar deste modo:

“Pai-Nosso que estás no Céu. Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu Reino. Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6, 9-10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O CÉU É A FESTA DO AMOR TOTAL-II

II-ENCONTRO NO ESPÍRITO SANTO

No Céu os seres humanos são todos membros da Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é o laço que une e dinamiza as relações entre os membros da Família de Deus.

O jeito de ser do Espírito Santo é actuar como laço de comunhão e princípio animador de relações e comunhão amorosa.

É esta razão pela qual São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Ninguém precisa de comprar nada, pois estamos no Reino da graça, onde tudo é dado gratuitamente e em abundância.

Todos se sentem irmãos e por isso ninguém pretende dominar ou espezinhar os outros.
As pessoas sentem-se plenamente saciadas da ternura de Deus.

As pessoas já não têm medo, pois a única lei é o amor. Ninguém se sente cansado ou saturado, pois o amor é a fonte da qual brota a novidade constante das relações e do encontro.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O CÉU É A FESTA DO AMOR TOTAL-III

III-ENVOLTOS NA TERNURA DE DEUS

E se ainda houver alguma memória do sofrimento desta vida, Deus passa amorosamente por todos, limpando todas as lágrimas que ainda possam existir.

Depois dá-nos o beijo da felicidade, comunicando-nos a plenitude do Espírito Santo, o qual nos faz esquecer para sempre a lembrança dos sofrimentos da vida terrena.

Eis a maneira como a bíblia descreve a ternura de Deus para nós: “Eis a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles e eles serão o seu povo.

Deus estará com eles e será o seu Deus. Enxugará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram” (Apc 21, 3-4).

Ninguém é capaz de se sentir feliz fechando-se à comunhão amorosa. Eis a razão pela qual a felicidade está em comungar com os demais.

Já ninguém sofre com a saudade dos que estão longe, pois já não há lonjura nem distância. O amor circula e difunde-se por todos os que fazem parte desta grande comunhão.

A Bíblia fala de um rio de Água Viva e resplandecente como se fosse um grande diamante a brilhar.

Este rio está no centro do Paraíso e chama-se o rio da Água Viva que é o Espírito Santo. Os que têm sede entram no rio e bebem e o seu rosto fica a brilhar como o de Cristo Ressuscitado.

Todos os que purificaram o coração, acolhendo a Palavra de Deus, têm direito a beber no rio da Água Viva e a comer o fruto da Árvore da Vida cujo fruto dá a vida eterna.

Todos estão saciados e ninguém voltará a morrer. Já não são precisas as estrelas, o sol ou a lua, pois a luz do Espírito de Deus ilumina todas as pessoas, como diz o Apocalipse:

“O Espírito diz: “Vem!”. Digam também todos os que escutam a Palavra de Deus: “Vem!”. O que tem sede que se aproxime e beba gratuitamente a Água da Vida” (Apc 22, 17).

Isto quer dizer que Deus nos criou para a Vida e a felicidade eternEm Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

13 janeiro, 2009

BONDADE DE CORAÇÃO E ALEGRIA DE VIVER-I


I-O CORAÇÃO COMO PONTO DE EMERGÊNCIA ESPIRITUAL

A bíblia chama coração ao núcleo mais nobre do nosso ser espiritual. Trata-se de um núcleo dinâmico, o qual é o centro a partir do qual emerge a nossa identidade espiritual, pois é do coração que emergem as decisões e atitudes que estruturam o nosso ser interior.

O coração é o centro onde se forma a orientação fundamental da pessoa face ao amor.Jesus disse aos discípulos que é do coração que emergem as opções e escolhas que tornam o homem puro ou impuro.

A felicidade humana depende mais da qualidade do coração da pessoa, do que da sua beleza física.

Na verdade, um corpo bonito sem um coração sensato é uma fonte de infelicidade. É no íntimo do seu coração que a pessoa decide a qualidade das relações com Deus, com os outros seres humanos e com a natureza.

Maria diz no seu cântico do Magnificat, que Deus dispersa as pessoas de coração soberbo (Lc 1, 51).

Para Jesus, a participação da pessoa no Reino de Deus tem a ver com a qualidade do seu coração e não com estruturas, leis ou preceitos.

Eis o que diz São Paulo a este propósito: “O Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebido, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Podemos dizer que enquanto Jesus viveu na terra o Reino de Deus estava apenas no interior de Jesus, pois o enxerto do Humano com o divino estava a acontecer apenas no seu íntimo.

Mas no momento da morte e ressurreição de Jesus, a interacção humano-divina passou para toda a Humanidade, graças à difusão do Espírito Santo.

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Calmeiro Matias

BONDADE DE CORAÇÃO E ALEGRIA DE VIVER-II

II-CORAÇÃO E REINO DE DEUS

Isto quer dizer que o Reino de Deus começou a emergir no Coração de Jesus mas após a sua ressurreição difunde-se para o coração de todos os seres humanos.

Se o coração é o núcleo mais nobre da interioridade espiritual da pessoa, então podemos dizer que foi no coração de Jesus que a Divindade se enxertou na Humanidade.

Na verdade, a interioridade espiritual humana não é uma realidade estática encerrada no interior do nosso corpo.

Pelo contrário, é uma emergência constante de vida pessoal que cresce como densidade espiritual e capacidade de interacção e comunhão amorosa.

À medida que emerge, torna-se o núcleo de convergência, isto é, o ponto de encontro e comunhão com as pessoas divinas e as humanas.

Isto ajuda-nos a compreender melhor o processo da humanização dos seres humanos cuja lei é:
“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal”.


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Calmeiro Matias

BONDADE DE CORAÇÃO E ALEGRIA DE VIVER-III

III-O CORAÇÃO COMO ALICERCE DA PLENITUDE PESSOAL

Quanto mais a nossa interioridade espiritual emerge mais a pessoa se afirma como ser único, original e irrepetível.

Podemos dizer que a plenitude da pessoa acontece no coração. Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade do encontro e da comunhão, cujo ponto de emergência é o coração da pessoa.

O nosso coração toca, pois, o limiar da Comunhão Universal do Reino de Deus. No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada, começa a interioridade espiritual ilimitada da Comunhão Familiar da Santíssima Trindade.

Isto quer dizer que a comunhão universal da Família de Deus toca-nos por dentro! A presença libertadora de Deus é uma realidade que podemos experimentar, pois o Reino de Deus está a acontecer dentro de nós como diz o evangelho de São Lucas:

“A vinda do Reino de Deus não é observável no nosso exterior. Não se poderá dizer: Ei-lo aqui, ou ei-lo acolá. Na verdade, o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc.17,20-21).

É importante tomarmos estas afirmações bíblicas a sério, eliminando da nossa linguagem expressões que signifiquem medo, ansiedade ou angústia.

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo é o princípio animador desta Comunhão orgânica e dinâmica que é a Família de Deus.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

E logo mais à frente diz que todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros com o Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

É este o sentido da afirmação da Segunda Carta aos Coríntios quando afirma que nós somos templos do Espírito Santo (2 Cor 3, 16).

A Carta aos Gálatas diz que nós somos filhos de Deus Pai porque ele envia aos nossos corações o Espírito Santo que em nós clama Abba, ó Pai (Gal 4, 6).

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Calmeiro Matias

BONDADE DE CORAÇÃO E ALEGRIA DE VIVER-IV

IV-DEUS HABITA NO NOSSO CORAÇÃO

É verdade que o Espírito Santo não está encerrado na nossa interioridade espiritual, mas toca-a a partir da interioridade máxima que é a Comunhão Universal do Reino de Deus.

O Senhor ressuscitado é, pois, a Árvore da Vida cujo fruto, o Espírito Santo, nos concede a Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

É este o mistério do Emanuel, do Deus sempre connosco. Todos os dias o Espírito Santo nos interpela no sentido de nos conduzir à comunhão com o Pai, o Filho e os irmãos.

Com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus ficou tão perto de nós que nos toca a partir de dentro.

A Carta aos Colossenses diz que pela ressurreição de Jesus, Deus libertou-nos do reino das trevas e transferiu-nos para o Reino de seu amado Filho (Col 1, 13).

Podemos dizer que o nosso coração é a porta que dá para o Reino de Deus, isto é, para a comunhão Universal do seu Reino.

Isto quer dizer que no momento da nossa morte, se o nosso coração estiver aberto ao amor, entramos de seguida na comunhão universal do Reino de Deus.

Na verdade, o Reino de Deus é a interioridade máxima da realidade, a qual nos toca por dentro.
O evangelho de São Lucas explicita isto dizendo que o Reino de Deus está dentro de nós (Lc 17, 20-21).

Noutra passagem deste evangelho Jesus afirma que os puros de coração são felizes, pois verão a Deus (Mt 5, 8).

Isto quer dizer que o Reino de Deus é dessas realidades essenciais que só podem ser vistas pelo coração.

São Lucas diz que Maria conservava no seu coração tudo o que a Palavra de Deus lhe ia revelando (Lc 2, 19; 2, 51).

É do coração que procedem as decisões de fazer o bem ou mal, dizem os evangelhos (Mt 15, 19; Mc 7, 21).

São Paulo diz que o ser humano pode enganar os homens mas não a Deus, pois ele perscruta os nossos corações (1 Tes 2, 4).

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Calmeiro Matias

08 janeiro, 2009

O PERDÃO DE DEUS COMO DOM GRATUITO-I


I-DEUS NÃO QUER SACRIFÍCIOS HUMANOS

A morte de Jesus Cristo não foi um sacrifício expiatório exigido por Deus Pai para perdoar aos homens.

Nem os pais humanos, apesar de serem pecadores e limitados, fariam uma coisa destas aos seus filhos.

Logo nos começos da história bíblica, Deus demonstrou que os sacrifícios humanos não lhe são agradáveis.

É este o significado profundo da rejeição, por parte de Deus, do sacrifício de Isaac (Gn 22, 1-16).
A Primeira Carta de São João diz que Deus é Amor (1 Jo 4, 7).

Ora o amor não é vingativo e perdoa sempre, diz São Paulo: “O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor13, 7).

Se Deus é Amor, isto quer dizer que ele só pode o que pode o amor, pois não se pode negar a si mesmo.

Se Deus é amor, não tem sentido ter medo de Deus, pois ninguém tem medo do amor. Jesus ensinou-nos que Deus tem um coração misericordioso, o qual nunca se vinga nem destrói os pecadores.

Certo dia, Jesus explicou aos discípulos que o amor e a misericórdia de Deus são infinitos.
Depois acrescentou que devemos imitar o Pai do Céu que é misericordioso com todos (Lc 6, 36).

Quando os fariseus começaram a criticar Jesus por ele acompanhar com os pecadores, Jesus respondeu-lhes:

“Deus quer misericórdia e não sacrifícios. Ficai sabendo que eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9, 13; Mc 2, 17; Lc 5, 32).

Por vezes, ao curar as pessoas, Jesus dizia-lhes que estas curas eram um sinal de que Deus lhes perdoava os pecados.

O perdão do pecado resulta da acção do Espírito Santo em nós que nos ajuda a passar do egoísmo para o amor fraterno ao mesmo tempo que nos liberta de muitas enfermidades.

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Calmeiro Matias

O PERDÃO DE DEUS COMO DOM GRATUITO-II


II-JESUS COMO PORTADOR DO PERDÃO

Muitas vezes Jesus curava os doentes e perdoava os pecados, afirmando que era esta a vontade de Deus:

“Eu não desci do Céu para fazer a minha vontade, mas sim para fazer vontade de Deus. E a vontade daquele que me enviou é esta:

Que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas o ressuscite no último dia” (Jo 6, 38-39).

Se é este o jeito de Deus amar e perdoar, como é que ele podia ter exigido a morte cruel de Jesus Cristo?

Deus não ama o pecado, e a morte de Jesus foi um pecado, pois ele era o mais inocente dos homens.

A Carta aos Hebreus diz que ele é um homem em tudo igual a nós excepto no pecado (Heb 5, 15).

Os textos que falam da morte de Jesus como sacrifício expiatório são inspirados em textos do Antigo Testamento que não se referiam a Jesus, mas sim ao sofrimento dos justos escravizados na Babilónia.

Os textos do Novo Testamento que falam do sacrifício redentor de Cristo estão decalcados nos textos e Isaías que falam do sofrimento dos justos no exílio de Babilónia (cf. Is 52,13-53, 12).

O sofrimento dos justos é insuportável para Deus. Eis a razão pela qual Deus tomou partido por eles, libertando-os.

Ao libertar os justos do exílio de Babilónia, Deus libertou também os outros membros do povo de Deus, pois o povo forma uma unidade orgânica.

É verdade que o povo de Israel merecia ser castigado. Mas devido ao facto de no meio do povo haver vários justos, Deus liberta o povo do Exílio.

Para acabar com esta situação, Deus decide libertar o povo da escravidão, a fim de libertar os justos.

Como o povo faz uma união orgânica, ao libertar os justos, Deus liberta igualmente os pecadores.
E foi assim que o sofrimento do justo se tornou redentor para os pecadores.

Por outras palavras, os pecadores foram salvos, graças ao sofrimento dos justos.

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Calmeiro Matias