22 setembro, 2009

A FONTE DA SABEDORIA É O ESPÍRITO SANTO

Entendida como capacidade de saborear a vida e os acontecimentos à luz de Deus, a sabedoria é um dom que optimiza o ser e o agir da pessoa humana.

O Livro da Sabedoria diz que o homem sábio está capacitado para saborear a beleza e a bondade de Deus na Criação.

O Insensato, pelo contrário, fixa-se nas aparências e não consegue elevar-se até ao autor da harmonia e da beleza da Criação:

“A ignorância acerca de Deus e das suas obras instalou-se no coração dos insensatos. Na verdade, o insensato não é capaz de chegar a Deus através das belezas visíveis” (Sb 13, 1).

São Paulo chama a atenção de alguns cristãos de Corinto que se tinham desviado da sabedoria de Deus, seduzidos pela falsa sabedoria das filosofias pagãs.

Muito destes cristãos acabaram por se desviar do modo viver proposto pela sabedoria do Evangelho, acabando por ignorar o essencial da fé.

Eis as suas palavras: “Alguns de vós ignoram tudo a respeito de Deus. Para vossa vergonha o digo!” (1 Cor 15, 34).

A Carta aos Efésios diz que a Sabedoria que conduz à verdade de Deus é uma revelação que acontece no coração da pessoa humana, graças à acção do Espírito Santo:

“Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê o Espírito da Sabedoria e da Revelação, a fim de poderdes conhecer o Deus da Glória” (Ef 1, 17).

A sabedoria que vem do Espírito Santo emerge no nosso coração como uma capacidade de ver as coisas com os critérios de Deus.

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo tem a missão de nos conduzir à Verdade plena:
“Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiar-vos-á para a Verdade completa” (Jo 16,13).

A Verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

A sabedoria e a verdade caminham juntas, pois têm a mesma fonte. Não é difícil compreender como apenas Deus pode compreender e enunciar de modo correcto e adequado a realidade de Deus, do Homem, do Universo e da História.

É por esta razão que o evangelho de São João nos diz que o Espírito Santo é quem nos conduz à plenitude da Verdade:

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo.
Além disso, recordar-vos-á as coisas que eu vos disse” (Jo 14,26).

Como não está em sintonia com o Espírito Santo, o mundo está privado da Verdade e da Sabedoria que vem de Deus.

Eis as palavras de Jesus no Evangelho de são João: “O Pai vai enviar-vos Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Mas vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 17).

Como origem da Sabedoria, Deus concede-a aos que lha pedem, sobretudo às pessoas que acolhem a sua Palavra com simplicidade de coração.

Ao aperceber-se do modo bonito como as pessoas simples acolhem a Palavra de Deus, Jesus exultou de alegria e disse:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25; Lc 10, 21).

Na Carta aos Romanos, São Paulo demonstra saber muito bem o que significa saborear as coisas quando afirma:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Foi este Espírito, diz ele, que o enviou para ensinar a Sabedoria de Deus aos homens:

“Ensinamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e oculta deste os tempos mais remotos e que Deus destinou para nossa glória” (1 Cor 2, 7).

O evangelho de São Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52).



Jesus diz aos Apóstolos que não precisam de estar preocupados sobre o que devem dizer nos momentos de perseguição, pois o Espírito Santo enchê-los-á de Sabedoria:

“Naquela hora dar-vos-ei eloquência e sabedoria, às quais nenhum dos vossos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc 21, 15).

O Livro Actos dos Apóstolos diz que Estêvão, no momento do seu martírio, estava cheio do Espírito Santo e da Sabedoria, pelo que os seus inimigos não podiam resistir-lhe (Act 6, 10).

A Segunda Carta a Timóteo diz que os textos bíblicos nos comunicam a Sabedoria que conduz à salvação em Cristo (2 Tm 3, 15).

Por seu lado, a Carta aos Efésios vai ainda mais longe quando afirma: “Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos encha do Espírito da Sabedoria e da revelação, a fim de bem o conhecerdes” (Ef 1, 17).

A Carta de São Tiago diz que Deus nunca nega o dom da Sabedoria àqueles que lha pedem:

“Se alguém entre vós tem falta de Sabedoria, peça-a a Deus, pois ele concede-a generosamente a todos” (Tg 1, 5).

A inveja, o ódio e o egoísmo, diz ainda a Carta de São Tiago, não procedem da Sabedoria de Deus, mas antes da sabedoria maldosa do mundo (Tg 3, 13-15).

Nesta mesma linha, São Paulo diz aos coríntios que a Sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo são totalmente contrárias.

Eis as suas palavras: “Ninguém se iluda: se alguém de entre vós julga ser sábio aos olhos do mundo, torne-se louco, a fim de obter a Sabedoria de Deus.

Na verdade, a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus” (1 Cor 3, 18-19).

As pessoas que cultivam a Sabedoria empenham-se seriamente na construção de uma Humanidade melhor.

Os sábios fazem o bem, conscientes de que o melhor prémio do bem que fazem é a alegria de o terem feito.

Podemos dizer que a sabedoria é o cinzel que modela os grandes mestres, dos quais, o maior foi Jesus Cristo.

Um mestre é uma pessoa que, pelo seu jeito de falar e agir, inspira os outros, ajudando-os a crescer como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

As pessoas que se deixam conduzir pela Sabedoria marcham no caminho da verdade, da justiça e do amor.

Para isso procuram viver segundo estes critérios: o que não é justo não deve ser feito. O que não é verdadeiro não deve ser dito. O amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer.

No evangelho de São Mateus Jesus louva a Deus pelo facto de conceder o dom da Sabedoria às pessoas simples:

“Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra porque escondestes estas coisas aos sábios e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25).

São Paulo reconhece que a Sabedoria lhe foi dada por revelação de Deus, a fim de a comunicar aos seres humanos:

“Foi-me dada a sabedoria de Deus, a fim de a dar a conhecer” (Ef 3, 10).

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz ainda: “Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, a qual foi destinada por Deus desde os tempos primordiais para nossa glória” (1 Cor 2, 7).

A Carta de Tiago diz que a sabedoria confere à vida do crente uma série de qualidades que fazem dele uma força transformadora no meio do mundo:

“A sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, paciente, conciliadora, cheia de misericórdia e bons frutos, isenta de parcialidade e hipocrisia” (Tg 3, 17).

A Sabedoria tem a missão de iluminar e dar critérios aos homens, a fim de estes orientarem as ciências para o bem da Humanidade.

A História tem dado provas de que a ciência dos homens, sem os critérios da Sabedoria pode conduzir a Humanidade à destruição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




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