I - CHAMADOS A RENASCER
Nascemos inacabados. Eis a razão pela qual levamos connosco uma fome imensa de plenitude.
São João diz que o nosso ser interior, por ser espiritual, não nasce dos impulsos da carne, mas da ternura do Espírito Santo (Jo 3, 3-6).
São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Nascemos para entrar na dinâmica da humanização cuja lei é:
“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal da Família de Deus.
A emergência pessoal acontece como fortalecimento espiritual e capacidade de interacção amorosa.
O Homem surgiu na História como fruto de uma marcha evolutiva.
Utilizando a imagem bíblica do barro, diríamos que a evolução é o processo do barro a ser moldado, a fim de surgir Adão.
No interior deste barro emerge o interior espiritual da pessoa como o pintainho emerge dentro do ovo.
A plenitude da vida espiritual acontecerá no dia em que o ovo eclodir, a fim de o pintainho nascer para a Comunhão Universal.
Estamos a emergir, pois somos seres em construção.
À medida que emergimos, vamos convergindo para a Família de Deus.
II - NASCEMOS TALHADOS PARA DEUS
Deus é amor, diz a Bíblia (1 Jo 4, 7). Isto significa que fomos criados pelo amor e para o amor.
Deus é amor, diz a Bíblia (1 Jo 4, 7). Isto significa que fomos criados pelo amor e para o amor.
São João diz que as pessoas que não amam não conhecem a Deus, pois Deus é amor (Jo 4, 16).
O nosso ser espiritual cresce e robustece-se em relações de amor. Renascer significa emergir como vida pessoal livre, consciente, responsável e capaz de amar.
É a este nível que o Homem é realmente imagem de Deus. Na verdade, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.
A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Por outras palavras, apenas na reciprocidade amorosa a pessoa encontra a sua plena identidade.
Por outras palavras, fechada em si, a pessoa está em estado de malogro: não se encontra nem se possui plenamente.
Pelo facto de serem pessoas, os seres humanos são proporcionais a Deus. O divino pode interagir com o humano em comunhão humano-divina.
E foi por esta razão que Deus, comunhão familiar de três pessoas, decidiu incorporar-nos a própria Família Divina.
Isto quer dizer que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.
Graças a Jesus Cristo, já fazemos uma união orgânica com a comunhão familiar da Santíssima Trindade.
Somos seres com identidade histórica. Só podemos acontecer como pessoas na medida em que renascemos. Os seres humanos são o resultado de uma realização histórica.
Por outras palavras, para se dizer, a pessoa tem de contar uma história, pois a sua identidade é histórica.
Na Festa do Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto esteve na História.
A nossa identidade física é constituída pelas nossas impressões digitais e pelo nosso ADN.
A nossa identidade espiritual, pelo contrário, é constituída pelo nosso jeito de amar e comungar pelos irmãos.
Por outras palavras, o nosso ser espiritual mede-se pela originalidade e densidade das nossas relações de amor.
Na verdade, que a pessoa humana não vale pelo que tem, mas sim pelo que é. À medida que se realiza, a pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.
É por esta razão que na comunhão universal do Reino de Deus, ninguém está a mais.
Calmeiro Matias
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