30 dezembro, 2007

Saber moldar um Coração Novo


Espírito Santo,
Jesus convidou-nos a imitá-lo, pois ele soube construir-se
como um homem manso e humilde de coração (Mt 11,29).

Tu foste, Espírito Santo, o grande modelador
do coração fiel e humilde de Jesus,
apesar de nunca o teres substituído.

Dá-nos a força para sabermos adoptar as atitudes correctas e necessárias,
a fim de sabermos moldar um coração de Homens Novos, como Jesus nos pediu.

Para moldarmos um coração de Homens Novos
é fundamental cultivar a humildade,
assumindo as nossas limitações e culpas
no que se refere às nossas recusas
de amor em relação aos irmãos.

O homem de coração bom não está sempre a culpar os outros
das suas culpas, insatisfações e fracassos.

É um excelente sinal de humildade saber aceitar as suas limitações
e procurar realizar-se com os talentos reais de que dispõe,
sem estar sempre descontente por não ser um super-homem.

Ser humilde é ser verdadeiro em relação a si e aos outros.
É também reconhecer que uma pessoa, para se realizar,
precisa dos outros, pois a plenitude da pessoa não está em si,
mas na reciprocidade da comunhão.

Para moldar um coração humilde, a pessoa deve aprender
a escutar o irmão e aceitá-lo assim como ele é.

As pessoas demasiado enredadas em si só conseguem escutar-se a si.
Eis a razão pela qual não são capazes
de sintonizar e comungar com os outros.

A pessoa humilde reconhece o seu pecado
e sabe que só o amor cura realmente as feridas do pecado.

A pessoa que deseja moldar um coração de Homem Novo está atenta,
a fim de não estar sempre a julgar os outros.

A pessoa que está sempre a criticar os outros
normalmente está a fugir de si mesma e, muitas vezes,
a projectar os próprios defeitos na pessoa dos irmãos.

Jesus disse que o coração é a fonte da qual emergem
as boas e as más decisões. Eis as suas palavras:
“É do coração que procedem as más intenções” (Mt 15, 19).

A pessoa que procura ser habitualmente amável e serena
nas relações com os irmãos já está já a realizar a viver
a bênção prometida aos mansos, os quais possuirão a terra,
diz o evangelho de São Mateus (Mt 5, 5).

A amabilidade desmonta as agressividades
com que os outros pretendem muitas vezes agredir-nos.

Ter a gentileza de dar a primazia é uma atitude
que não passa despercebida da pessoa que recebe esta atenção
e ajuda-nos a moldar um coração atento e fraterno.

Saber reconhecer os momentos oportunos para falar
e as melhores ocasiões para escutar é sinal de sabedoria.

É um excelente sinal de amor fraterno
saber evitar argumentos inúteis que só servem para exaltar os ânimos,
sobretudo quando sentirmos que não estão em causa
valores fundamentais ou uma verdade importante.

É um excelente sinal de humildade
saber reconhecer quando o outro tem razão.

Ponhamos as nossa confiança no amor incondicional de Deus,
mas não tentemos nunca a Deus
pretendendo que ele nos substitua ou esteja em nosso lugar.

Não nos devemos esquecer que, ao romper com o amor
estamos a romper com Deus.
Mas mesmo assim não somos capazes de impedir que Deus nos ame,
pois o amor de Deus é incondicional.

Por outras palavras, apesar de não conseguirmos anular
o amor de Deus por nós, podemos impedir a comunhão com ele,
pois a comunhão assenta na reciprocidade do amor
e nunca no amor unidireccional.

Na verdade, o amor pode ter uma só direcção,
mas a comunhão só pode acontecer na convergência amorosa.

Façamos do amor a Deus o rochedo sólido para edificarmos a nossa casa,
mas não nos esqueçamos de que o amor a Deus
passa sempre pelo amor aos irmãos.

Treinemo-nos na arte de facilitar a realização dos outros,
não nos esquecendo de que o importante
é aceitá-los por eles serem o que são
e não por fazerem o que gostaríamos que eles fizessem.

Nos nossos diálogos, tentemos comunicar sempre
numa linha de verdade e autenticidade.

No trato com os irmãos
não estejamos sempre a olhar só para os nossos interesses pessoais,
mas ajudemo-los com o nosso ter, o nosso ser e também o nosso saber.

Lembremo-nos de que os outros são um dom de Deus para nós,
pois são mediações para a nossa realização e felicidade,
uma vez que ninguém é feliz sozinho.

É com os outros que nós faremos parte da Família de Deus,
a qual não assenta nos laços do sangue mas sim nos laços do Espírito Santo.

Para crescermos na capacidade de dialogar e comungar com os outros
lembremo-nos de que não somos bons em tudo
e de que não somos a medida dos demais.

Sejamos agradecidos, sobretudo quando sentirmos
que os outros estão a ser atentos e respeitadores
das diferenças que há em nós.
Procedendo assim, eles estão a facilitar a nossa realização e felicidade.

A pessoa que tenta controlar e manipular os outros
nunca conseguirá ter um coração de Homem Novo,
pois está a impedir que o outro possa emergir
como pessoa livre, consciente e responsável.

As pessoas que põem o amor e a fraternidade em primeiro plano
são uma mediação privilegiada do amor de Deus para os irmãos.

A pessoa que ama o outro, apesar dos seus defeitos
está a amá-lo incondicionalmente e a impedir que ele seja posto à margem.

A pessoa que ama sabe alegrar-se com os sucessos do outro
como se fossem próprios.
Ao mesmo tempo, não se afasta dele por causa dos seus fracassos.

A pessoa humilde entende o chamamento de Jesus
no sentido de lutar contra as forças negativas do pecado,
a fim de facilitarmos o nascimento do Homem Novo,
o único que tomará parte na Comunhão da Família de Deus.

O homem de coração novo
não alimenta ressentimentos ou planos de vingança no nosso coração.

O Espírito Santo é um mestre
na arte de favorecer a emergência de homens de coração novo.
A pessoa humilde conta sempre com a sua disponibilidade
no íntimo do seu coração.

O coração novo edifica-se sobre a gratuidade.
As pessoas que dão coisas para amarrar os outros
nem são felizes nem ajudam os demais
a emergir como pessoas ser livres,
criativos e felizes.

Espírito Santo,
tu és a ternura maternal de Deus.
São Paulo diz que és o amor de Deus
derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ajuda-nos, Espírito Santo, a moldar em nós
um coração manso e humilde como o de Jesus.


Ámen!



Com um abraço e votos de um BOM ANO 2008,

Calmeiro Matias

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