15 março, 2007

APRENDER A VIVER E A MORRER



Deus Santo,

O evangelho de São João diz-nos que

nascemos para renascer (Jo 3, 3-6).

Isto não acontece com nenhum animal.

Com efeito, só o ser humano sabe que vive para se construir

e que vai morrer para atingir a plenitude da vida.


O acto de morrer, portanto,

é a derradeira possibilidade que temos para renascer.


Deus Santo,

Obrigado por termos consciência

de que um dia havemos de morrer.

Aconsciência da nossa morte, realmente,

ilumina o sentido que a vida tem.

O sentido da vida e o sentido da morte caminham, portanto,

a passo igual.


É esta a razão pela qual

o sentido máximo da vida acontece na fase final da nossa existência.`

À medida em que evoluimos na capacidade

de saborear o sentido da vida e da morte,

vamos compreendendo melhor

que a grande razão que vale para viver

é a mesma que vale para morrer: O Amor.


Jesus ensina-nos que o amor

atinge a sua profundidade máxima

quando o ser humano se dispõe

a dar a sua vida pelas pessoas que ama.


Felizes das pessoas

que sabem gastar a vida

pelas causas do amor,

mesmo que essa opção

encurte o tempo da sua existência na terra.


Na verdade, quem ama até dar a vida pelos outros,

atinge a densidade máxima a que a vida pode chegar.

Para estas pessoas a morte

não tem qualquer sentido de uma tragédia final.


Isto torna-se ainda mais claro

se iluminarmos o sentido da vida

com o acontecimento da ressurreição de Jesus.


Na verdade,

quem decide gastar a vida pelas causas do amor

vai morrendo todos os dias ao homem egoísta que há em nós.


Morrer para dar vida é,

portanto, a maneira mais perfeita de viver

e rebentar os muros estreitos da finitude

que envolve o nosso ser exterior.


Por ser espiritual,

a nossa interioridade

não cai sob a alçada da morte.

Por outras palavras,

a morte não mata a pessoa,

mas apenas o nosso ser exterior ou individual.


Mas a pessoa só atinge a sua plenitude

ao ressuscitar.

Graças à nossa união orgânica

com Cristo ressuscitado,

o Espírito Santo, opera a nossa

ressurreição no próprio acto de morrer.


À luz da ressurreição de Cristo,

a razão fundamental da nossa existência na história

não é apenas prolongar

o mais possível a vida mortal,

mas construir a vida eterna mediante o amor.


Ao comunicar-nos o Espírito Santo,

Cristo ressuscitado deu-nos o fruto da Árvore da Vida

da qual Adão tinha sido privado (cf. Gn 3, 22-24).


Com uma saudação muito fraterna
Calmeiro Matias









3 comentários:

JRSJ disse...

Bom Deus,
sei que nem sempre me deixo guiar pelos apelos do teu Espírito Santo.
Sei que por vezes, não deixo morrer o meu egoísmo...
Sei tantas coisas, Deus Bom...
Sei que unindo a minha vontade à tua, tudo se torna mais fácil, tudo ganha um novo sentido.
Ajuda-me a construir agora a ida que a morte não pode matar.
Ajuda-me a ser-te cada dia mais fiel.

Anónimo disse...

Jesus de Nazaré, Jesus Ressuscitado:
muito obrigado por conhecer-te
e poder ser teu discipulo.
Obrigado por poder saborear contigo
o fundamental da vida:
construir-me como pessoa,
na comunhao, no Amor, na liberdade.
Obrigado, Senhor, porque me pedes
para caminhar no essencial da vida,
o que verdadeiramente interessa.
Ajuda-me a anunciar como puder
a grande Boa-Nova da Ressurreiçao,
que liberta de todos os medos
e faz descobrir o importante da vida. Bendito sejas,
Jesus de Nazaré.

Comunhão no Espírito disse...

Jesus Cristo é fiel e nunca desilude!
Podes ter a certeza que o Espírito Santo com o qual ele nos põe em comunhão orgânica te está a preparar para a grande tarefa da vinha do Senhor.
Um Abraço muito fraterno
Calmeiro Matias