Pai Santo
Ainda o Universo não existia e tu já tinhas nos teus planos criar o Homem e relacionar-te com ele em jeito de Aliança de Amor Eterno.
De facto, a Nova e Eterna Aliança já estava presente como pano de Fundo ao teu plano Criador.
Tu estiveste sempre presente à génese da Criação a partir de dentro.
A Nova e eterna Aliança é expressão do teu jeito dinâmico de estar presente à Criação, sobretudo ao Homem que tu quiseste criar à tua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).
Tu és o Deus connosco. A tua casa é o coração do Universo em gestação. Com efeito, a tua morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
Isto significa que nunca estás longe dessa obra-prima que é a tua Criação em marcha. Na verdade, tu não vieste cá abaixo para iniciar a génese criadora do Universo, retirando-te em seguida para uma transcendência longínqua e fora do Universo.
Pai Santo,
Tu relacionas-te com a Criação a partir de dentro, dinamizando o enorme feixe de interacções que constitui o processo criador, fazendo que a Criação avance na direcção da sua meta.
Com efeito, a Criação é um processo dinâmico ainda não acabado. A Nova e Eterna Aliança não é mais que a qualidade que tu, Pai, Santo, quiseste conferir às relações com o Homem, a cabeça da Nova Criação.
A essência da Nova e Eterna Aliança é uma comunhão amorosa cujo princípio dinamizador é o Espírito Santo.
Eis o modo como a Carta aos Efésios descreve a tua maneira de interagir de modo permanente com o Homem:
“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.
Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua eterna vontade” (Ef 1, 4-5).
Depois diz que este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer ao Homem na plenitude dos tempos. Eis as palavras de São Paulo:
“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo Jesus. Este mistério não foi dado a conhecer ao Homem nas gerações passadas, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus Apóstolos e Profetas ” (Ef 3, 4-5).
Trindade Santa:
Como Deus da Aliança, Vós sois um Deus fiel e verdadeiro. A Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado ainda antes de terdes iniciado a marcha da Criação.
A Antiga Aliança foi um passo importante para o Espírito Santo nos conduzir até Jesus Cristo.
Mas o vosso plano criador tinha como meta não a Antiga, mas a Nova e Eterna Aliança.
Podemos dizer que a Antiga Aliança foi um passo da acção pedagógica do Espírito Santo para conduzir a Humanidade à plenitude dos tempos, isto é, ao fim do tempo da gestação, dando início ao parto que origina o nascimento dos filhos de Deus, como diz a Carta aos Gálatas (cf. Gal 4, 4-7).
E a Carta aos Efésios acrescenta: “Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação, isto é, a Lei de Moisés com as suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.
Os pagãos, portanto, já não são estrangeiros nem imigrantes na casa de Deus, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).
A Carta aos Gálatas diz que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:
“Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei de Mosés:
A Lei tornou-se o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.
Como sois filhos de Deus, já não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego. Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só, graças à vossa união a Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).
A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para alcançar a salvação.
A Nova Aliança, pelo contrário, tem como alicerce o dom do Espírito Santo que realiza em nós a obra da salvação, como diz a Carta aos Romanos:
“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).
Os que vivem a dinâmica da Nova Aliança são conduzidos pelo Espírito Santo e ficam enriquecidos com os seus frutos.
Eis alguns dos frutos do Espírito Santo enumerados por São Paulo na Carta aos Gálatas: “E os frutos do Espírito Santo são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Gal 5, 22).
Isto significa que a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.
De facto, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa linha de simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.
Na verdade, entre estes dois acontecimentos existe uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).
Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).
O Reino que havemos de herdar com Cristo ressuscitado foi preparado para nós, diz o evangelho de São Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34).
A Segunda Carta a Timóteo diz que o plano salvador que Deus sonhou para nós foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).
Este plano não chegou até nós graças à bondade de Deus que no-lo revelou por Jesus Cristo. Eis o que São Lucas diz a este propósito:
“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: "Eu te bendigo ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, de facto foi este o teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).
A Carta aos Hebreus diz que Deus, ao falar de uma Nova Aliança declarou ultrapassada a Antiga.
O que se torna ultrapassado está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (cf. Heb 8, 13).
O Livro do Profeta Ezequiel promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:
“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).
Estabelecerei contigo a minha Aliança Eterna e tu ficarás a saber que eu sou o Senhor” (Ez 16, 60-63).
Segundo o profeta Jeremias, a Nova Aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pela acção do Espírito Santo:
“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.
Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terra do Egipto.
Apesar de eu os ter livrado da opressão, eles esqueceram-me e não cumpriram a Aliança que fiz com eles, oráculo do Senhor.
Esta será a Aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:
Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração: Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).
A Nova Aliança, ao contrário da Antiga, não será escrita em tábuas de pedra, mas é escrita no coração das pessoas pelo Espírito Santo que nos foi dado, diz São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios:
“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos vossos corações, conhecida e lida por todos os homens.
Na verdade, vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.
Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…).
Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).
E na Carta aos Romanos São Paulo acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Calmeiro Matias