15 novembro, 2007

O Sentido da História Humana


Deus Santo,
glória a Vós, pois quisestes criar-nos como pessoas.

O animal gosta de brincar, mas não é capaz de celebrar,
nem precisa de sentidos para viver.

Pelo facto de estar em realização histórica,
a pessoa humana precisa de sentidos
para viver e se construir.

Quando lhe faltam sentidos para viver,
o ser humano entra em crise
e pode mesmo pensar no suicídio.

Por estar a estruturar-se como ser histórico,
a pessoa tem a capacidade de associar
o passado com o presente
e este com planos e sonhos de futuro.

Isto acontece assim porque a pessoa se sente a caminho
de uma meta que se confirma em cada sucesso
que vai concretizando ao longo da sua caminhada.

Por não ser uma pessoa em construção,
o animal não tem esta consciência existencial,
nem sente um apelo a actuar de acordo com valores.

Na verdade, os valores são apelos que a pessoa sente
no sentido de se construir com sentido e poder realizar-se
como pessoa consciente, livre, responsável.

Como ser em realização, a pessoa edifica-se
de modo gradual, fazendo emergir o novo.
Sempre que fazemos emergir o novo e o diferente,
transcendemo-nos e tornamo-nos imagem de Deus.

Deste modo, sem deixarmos de ser os mesmos,
vamos sendo de maneira sempre nova e diferente.

A pessoa humana é, realmente,
um ser faminto de transcendência,
pois tem fome de ser em plenitude.
Eis a razão pela qual
o homem não pode deixar de se pôr o sentido da vida.

Como não podemos viver sem sentidos,
pomo-nos constantemente interrogações e porquês,
sobretudo nos momentos mais sérios e difíceis da vida.

Quando uma pessoa perde os sentidos básicos da vida,
deixa de ter razões para viver.

Assim como não se põe o sentido da vida,
o animal também não tem consciência da sua morte.
A consciência da própria morte
é um dos estímulos mais profundos
a levar a pessoa a colocar-se o sentido da vida.

Do mesmo modo, Deus não é uma questão secundária
para as pessoas que pretendem humanizar-se,
fazendo opções, escolhas, e projectos
de realização pessoal.

A consciência universal da Humanidade evoluiu
no sentido de se colocar a questão religiosa.
Isto significa que a Humanidade, no seu todo,
intuiu que não estamos a edificar para a morte.

Jesus Cristo trouxe a grande resposta
a estas interrogações básicas do Homem:
a sua ressurreição ensinou aos homens
que a morte não tem a última palavra
no que se refere ao projecto histórico da Humanidade.

Pelo mistério da Encarnação,
o divino enxertou-se no humano
e nós passamos a ser membros da Família de Deus.

Isto quer dizer que os seres humanos,
ao darem o salto de qualidade para a vida pessoal,
atingiram as condições necessárias
para serem assumidos e incorporados
na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Deus Santo,
louvado sejais porque nos quisestes criar como pessoas,
a fim de fazerdes uma aliança connosco!


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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