nascemos para renascer.
O nosso ser interior, por ser espiritual,
nasce da dinâmica maternal do Espírito Santo
e não dos impulsos da carne
nem do querer dos seres humanos (cf. Jo 1, 12-14).
Nascemos para entrar na marcha da humanização
cuja lei é: “Emergência pessoal mediante relações de amor
e convergência para a Comunhão Universal”.
Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual
e capacidade de interagir com os outros em dinâmica de comunhão.
A marcha da evolução trouxe-nos
até à complexidade cerebral própria do homem.
Com este salto biológico aconteceu a hominização,
estrutura natural capaz de iniciar a humanização.
Como ser em realização histórica,
a pessoa humana está a emergir e a estruturar-se
em duas dimensões profundamente diferentes:
a exterior que é o nosso ser individual e mortal,
e a interior que é o nível do ser pessoal que é espiritual
e, portanto, irreversível ou imortal.
O nosso ser espiritual é ressuscitável, isto é,
tem condições para ser divinizado
mediante a assunção na comunhão orgânica da Família de Deus.
No interior do nosso ser exterior emerge o interior
como o pintainho emerge dentro do ovo.
Portanto, a plenitude da vida pessoal, por ser espiritual,
acontecerá no dia em que o ovo eclodir
e o pintainho nasça para a comunhão universal.
Nascemos para renascer e emergirmos como pessoas
talhadas para a Comunhão orgânica e
dinâmica da Santíssima Trindade.
Ressuscitamos com Cristo,
pois o Homem é proporcional ao próprio Deus.
Na verdade, a Divindade é pessoas
e a Humanidade também.
Fechado em si e separado da comunhão,
o ser humano está estado de malogro.
Apenas em relação com os outros,
a pessoa se possui e encontra a sua plena identidade.
Ser pessoa é ter um coração capaz de eleger o outro
como alvo de amor.
Com efeito, temos a capacidade de eleger os outros
como irmãos, mesmo para lá dos laços do sangue.
Foi assim também que as pessoas divinas nos elegeram
como membros da sua Família:
filhos em relação a Deus Pai
e irmãos em relação ao Filho de Deus.
Como o Espírito Santo é a ternura maternal de Deus,
é através dele que somos inseridos na Família Divina!
A pessoa, para emergir, tem de renascer,
pois está em processo histórico de humanização.
A nossa identidade, mesmo ao nível espiritual,
é histórica. De facto, para nos dizermos
temos de contar sempre uma história.
Não acontece o mesmo com as pessoas divinas,
pois Deus é uma emergência permanente
de três pessoas de perfeição infinita e em total convergência
de comunhão de amor familiar.
O nosso ser pessoal-espiritual "mede-se"
pela capacidade de amar e comungar.
Na verdade, a pessoa não vale pelo que tem,
mas sim por aquilo que é.
À medida em que renascemos,
emergimos como seres livres, conscientes e responsáveis.
Estamos talhados para a comunhão com Deus
a cuja imagem fomos moldados.
Eis a razão de ser desta fome de renascer e transcender
que levamos connosco.
É uma voz permanente a convidar-nos para vencer
os limites da raça, da nacionalidade, dos laços do sangue
e da nossa condição social ou sexual.
Deus Santo,
como nascemos talhados para Deus
já pertencemos à cúpula da criação
que é a comunhão Universal da Humanidade com a Divindade.
Um grande Abraço para todos,
Calmeiro Matias
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